(ICRP) IGREJA CALVINISTA REFORMADA PURITANA |
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Essa fotografia foi feita por ocasião de uma reunião do Presbitério de Campo Formoso(Ba) na Igreja Presbiteriana de Piritiba. Só a título de informação: (PRESBITÉRIO é a reunião de todas as Igrejas Presbiterianas de determinada região). Na presente foto encontram-se os Pastores: Josias da Silva Primo, Josias Freitas, Basilio Catalá Castro, Eudaldo Silva Lima, Joel Cavalcante, entre outros... Encontra-se também os presbíteros: Herundino Neves, José Neves, Durval Miranda, Antônio Venceslau, Mário de Sena Lima (Marotinho do cinema), Jerônimo Lopes (pai do Prof. Dario Lopes), César Sampaio, Cursino Marques (seu Tuca sogro de Mirandinha), Virgílio Barros, entre outros... É uma foto que nos traz bastante saudades. Foi uma reunião histórica. |
Uma das mais comuns tentações que todos nós cristãos enfrentamos é a de sermos demasiadamente severos diante dos erros de outrem e agirmos sem misericórdia! É certo que os meus leitores sabem por experiência do que estou tratando! Afinal, quem jamais deixou de ser condescendente consigo mesmo e duro no trato dos pecados dos demais? Porventura, não é mais fácil esconder os pecados dos meus filhos e expor o máximo possível os dos outros? No entanto, a Bíblia nos dá instruções valiosas quanto à maneira pela qual eu devo cuidar dos meus pecados e também como devo ver os erros dos meus irmãos. Ora, recorramos à Escritura a fim de considerarmos o grande desafio do cristianismo no que tange a "Como Lidar com as Faltas dos Outros". Eis, pois, o que está escrito em Lucas 17: 3-10: "3 Acautelai-vos. Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe. 4 Se, por sete vezes no dia, pecar contra ti e, sete vezes, vier ter contigo, dizendo: Estou arrependido, perdoa-lhe. 5 Então, disseram os apóstolos ao Senhor: Aumenta-nos a fé. 6 Respondeu-lhes o Senhor: Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar; e ela vos obedecerá..." Consideremos esse belíssimo texto à luz da seguinte pergunta: COMO EU DEVO TRATAR OS PECADOS DO MEU IRMÃO? 1. Antes de tudo, eu devo ser cuidadoso para não ser tropeço para quem quer que seja, pois nosso Senhor disse enfaticamente: "Acautelai-vos". É digno de nota que o verbo acautelar no original grego (prosecw), no seu contexto, signifique "assistir a si mesmo, i.e., dar atenção a si mesmo ou ter cuidado". Dessa maneira, tudo deve começar comigo mesmo! Ou seja, devo ser cuidadoso a fim de não me tornar em escândalo (armadilha, cilada) para ninguém, com os meus pecados. É por isso que nosso Senhor disse "Acautelai-vos" logo em seguida às mais terríveis palavras de todo o Novo Testamento: "Disse Jesus a seus discípulos: É inevitável que venham escândalos, mas ai do homem pelo qual eles vêm! Melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e fosse atirado no mar, do que fazer tropeçar a um destes pequeninos" 1. Você tem sido cuidado com seus pecados? Que atenção você tem dado ao seu natural coração? Crê que dele é que sai o que está escrito em Mateus 15: 19, 20? Você tem levado a sério aquela temerosa advertência que diz: "Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia"? Como, então, devo tratar com os pecados dos outros? 2. Em segundo lugar, devo ser cauteloso com relação aos pecados dos outros. Digo isso, porque nosso Senhor prosseguiu dizendo: "Se teu irmão pecar contra ti". Oh! Quanto cuidado da minha parte é necessário quando alguém peca contra mim! Como necessito de dobrada atenção quanto à maneira de encarar os meus ofensores! Ora, isso é tão sério que merece ser considerado com a seguinte pergunta: Quando alguém me ofende qual é a minha reação natural? Qual é a tendência do meu coração ao ser atacado pelo pecado de outrem? Porventura, não sou rápido em me ressentir por pensar que o que me fizeram foi uma grande injustiça? Ou o que dizer da minha natural reação de vingança contra o ofensor? Ainda: Não procuro eu tornar pública a falta daquele que pecou contra mim? Eu não compartilho para o maior número possível de pessoas o que 'aquele sujeito' fez contra mim? Em outras palavras, diante das faltas dos demais tenho a tendência de me tornar extremamente rigoroso no meu julgamento! Afinal, o centro de 'tudo' ao meu redor sou eu mesmo! Por essa causa, nosso Senhor Jesus Cristo chama-nos a atenção para a importância do nosso próprio cuidado pessoal ao dizer: "Acautelai-vos. Se teu irmão pecar contra ti". Em outras palavras, é como se Ele houvesse dito: tenham bastante cuidado ao lidar com as faltas do seu irmão! Trate-o de forma adequadamente cristã. Vejamos, então, em que consiste tal adequada atitude cristã, no passo seguinte: 3. Em terceiro lugar, devo ser cauteloso quanto a ter uma atitude amorosa para com o meu irmão faltoso. Ou seja, quando meu irmão pecar contra mim, eis o que meu Senhor Jesus diz ser o meu dever: "repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe". Quão impressionantemente maravilhosas são estas palavras de nosso Senhor Jesus! Elas me indicam que minha atitude para com aquele que pecou contra mim deve ser a de amá-lo! Sim! Devo amá-lo buscando resolutamente o bem dele! Eis, pois, a belíssima amorosa dinâmica envolvida nas Palavras de nosso Senhor Jesus: Aquele irmão a quem amo pecou contra mim – ele me ofendeu! Então, como cristão – alguém que fora perdoado por Aquele que me amou primeiro – envido esforços em busca da paz entre mim e ele! Para tanto, vou até o faltoso e, sem que ninguém o saiba, vou "argui-lo entre [mim]e ele só", com o firme propósito de perdoá-lo, caso ele se arrependa. Sim! Meu sincero desejo é vê-lo arrependido para que eu possa perdoá-lo. Em outras palavras, ao fazer assim estarei imitando ao meu Senhor que nos amou! Afinal, eis o que Ele, em algum sentido semelhante ao descrito acima, fez: Estando eu em flagrante ofensa com o Senhor Deus, ao invés de Ele se armar de sentimento de vingança contra mim, Ele me fez ver quão grande era o meu pecado contra Ele, de modo que a Sua bondade me conduziu ao arrependimento e, então, Ele pode me perdoar! Ora, qual foi o propósito de Deus para comigo? Perdoar-me! E que fez Ele para que tal coisa ocorresse? Ele derramou luz sobre as minhas trevas, de maneira que eu corri arrependido rogando-Lhe perdão! Qual foi, então, o resultado disso tudo? Ele me perdoou, segundo o Seu amor para comigo! Semelhantemente, essa deve ser a minha atitude para com aqueles que pecam contra mim – ao invés de ressentir-me, devo buscar com todas as minhas forças a reconciliação com ele! Dessa maneira, ao dizer: "repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe", nosso Senhor Jesus parece dizer que o amor do ofendido deve buscar o bem do faltoso. Minha repreensão deve ter como propósito o arrependimento do faltoso. Então, pensemos:
Qual tem sido sua atitude diante daqueles que lhe ofendem? Você os odeia ou os ama? Quer vê-los arrependidos e perdoados ou prefere a caminhada mais fácil que é o da vingativa rejeição? 4. Em quarto lugar, Minha atitude deve ser continuamente amorosa. Talvez, esse seja um dos aspectos mais "humilhantes" dos relacionamentos cristãos – a sempre contínua disposição para perdoar aos faltosos! Ou seja: Segundo nosso Bendito Salvador, "Se, por sete vezes no dia, pecar contra ti e, sete vezes, vier ter contigo, dizendo: Estou arrependido, perdoa-lhe". Em outras palavras, não importa quantas vezes alguém peque contra mim; mas, sim, que eu esteja sempre disposto a perdoar aos que se arrependem dos seus pecados! Nesse sentido, o amor deve se fazer presente em todos os meus relacionamentos, pois está escrito: "Todos os vossos atos sejam feitos com amor" 5. Tal exigência é demais para nós? Não nos lembramos do que está escrito: "Nós amamos porque ele nos amou primeiro"? Logo, se o Senhor Deus nos perdoa infinitas vezes a cada dia – pecamos por pensamentos, palavras e atitudes – será muito perdoarmos aos que confessam as suas faltas contra nós e se arrependem? Está você cansado de tanto perdoar o seu digníssimo esposo ou esposa? E seu querido papai ou sua amada mamãe? Reconsidere o que foi dito acima e responda: Sou eu um crente em Cristo Jesus? Sou Seu discípulo? Ora, se seu próximo peca, e você lhe lembra das faltas passadas, saiba que o amor [perdoador] de Deus não está em você! Quão humilhante é esse ensino! 5. Em quinto lugar, devo estar consciente de que a prontidão para perdoar os faltosos é fruto da fé genuína. Se observarmos a reação dos discípulos quanto ao ensino acerca de "Como Lidar com as Faltas dos Outros", provavelmente veremos que eles se viram diante de tão grande desafio que, para eles, somente uma grande fé seria capaz de obedecer ao Senhor Jesus! Por isso, "disseram os apóstolos ao Senhor: Aumenta-nos a fé". No entanto, a resposta do Senhor nos surpreende como podemos ver no v. 6: "Respondeu-lhes o Senhor: Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar; e ela vos obedecerá". Ou seja: Nessa matéria de perdoar aos que se arrependem, e confessam suas faltas contra nós, basta apenas que tenhamos uma fé genuína! Basta que um dia tenhamos recebido a verdadeira fé, "que é um dom de Deus"! Afinal, por menor que seja a minha fé, sendo genuína, ela vai me conduzir à Cruz e me dizer: "Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus em Cristo, vos perdoou. Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; e andai em amor, como também Cristo nos amou e se entregou a si mesmo por nós" 6. Qual dos verdadeiros discípulos do Senhor Jesus Cristo deixará de ter a experiência do Seu terno e bondoso amor perdoador para consigo? Como poderia deixar de se humilhar ao contemplar Aquele que veio ao mundo para morrer por pecadores? Oh! Senhor meu, ajude-me a sempre enxergar e vivenciar o teu admirável amor por mim que sou tão pecador, para que eu esteja sempre disposto a perdoar! Livra-me de qualquer 'justificativa' que venha me causar embaraço, e me leve a esquecer "a purificação dos [meus] pecados de outrora" 7. 6. Em último lugar, perdoar os faltosos não passa de um sublime dever cristão. Qualquer que seja a interpretação da parábola descrita em Mt 17: 7-10, há algo que me faz extrair o seguinte princípio: A fé exclui qualquer possibilidade de jactância (orgulho). Por isso, os que perdoam aos faltosos devem ser humildes, à luz do v.10: "Assim também vós, depois de haverdes feito quanto vos foi ordenado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos fazer". Se eu consigo perdoar o meu irmão faltoso e arrependido, devo ser elogiado pelos céus? Devo receber palavra de gratidão da parte do Senhor a quem eu sirvo? Porventura, é da minha natureza que eu perdoe o faltoso? E para fazê-lo não é necessário que o Espírito do meu Senhor Jesus Cristo, o Pacificador, frutifique em mim? Além do mais, não é o perdão uma ordenação Divina? Não está isso escrito: "Servo malvado, perdoei-te aquela dívida toda [...] não devias tu, igualmente, compadecer-te do teu conservo, como também eu me compadeci de ti?". Ora, como somente podem perdoar os que foram perdoados, ao cumprirmos tal ordenança não estaremos fazendo nada de mais; pelo contrário, fazemos apenas o que devíamos fazer; e ainda assim, pela graciosa assistência do Deus perdoador! Portanto, perdoar é um sublime dever do crente! QUE SE CONCLUI? Diante do ensino exposto, não há quem consiga ficar de pé na presença do Senhor Deus! Afinal, é Ele quem vê o meu natural coração cheio de corrupção – quanta abominação há na minha natureza decaída! Então, preciso por a mão à boca e clamar: "não nos deixes cair em tentação"! Ou fazer a oração de Davi que disse: "Tu, ó Deus, bem conheces a minha estultice, e as minhas culpas não te são ocultas. Não sejam envergonhados por minha causa os que esperam em ti, ó SENHOR, Deus dos Exércitos; nem por minha causa sofram vexame os que te buscam, ó Deus de Israel" 8. No entanto, à luz do amor perdoador do Senhor Jesus Cristo, o Senhor da glória, devo me sentir encorajado a fortificar-me na graça que está em Cristo Jesus, e assim, estar cada vez mais convencido de como devo tratar as faltas dos outros; ou seja: Com cuidado pessoal; e com cuidado para com os faltosos, a fim de que, amando-os, busque diligentemente vê-los arrependidos e sendo por mim 'perdoados' sempre que necessário, para a glória do Senhor! 1 - Lc 17: 1, 2. Outros textos que indicam cuidado consigo mesmo: Mt 6: 1; 7: 15; 10: 17; 16: 6, 11. INFORMAÇÕES CONSOLIDADAS DO CENSO 2010Alvo de muitas preocupações e comentários em listas de discussões internas de pastores da IPB, os resultados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) do último Censo 2010, trazem no seu bojo muitas e valiosas informações. Segundo o Censo 2010, a maior igreja do Brasil continua sendo a Igreja Assembleia de Deus (IAD) com mais de 12,31 milhões de membros (37,25%), vindo em segundo lugar a Igreja Batista (IB) com pouco menos de um terço dos números da IAD, ou seja, cerca de 3,7 milhões de fiéis (11,27%). A Igreja Presbiteriana do Brasil, que está presente em solo brasileiro há 153 anos ocupa a 8ª Posição com um total de 0,92 mil membros (2,79%). Outro dado importante a destacar é o grande número de mulheres arroladas na membresia das igrejas. Em todas as denominações o número delas é superior aos dos homens. Só para se ter uma ideia, na IAD o número de mulheres é de 6.73 milhões e equivale a 54,72% do total de membros. Na IPB as mulheres equivalem a 56,02% dos membros, ou seja, 515 mil. Já na IB esse percentual cresce para 56,99%, ou 2,19 milhões. Quando o quesito é etnia, o maior grupo racial entre as igrejas de missões (tradicionais) é a cor branca com 52%, vindo na sequência os pardos com 40%. Por sua vez, entre as chamadas igrejas pentecostais, esse número é de 21% e 66% respectivamente. No total, os chamados evangélicos possuem a seguinte configuração: (1) pardos: 45,71%; (2) brancos: 44,63%; (3) preta: 8,19%; (4) amarela 0,98%; (5) indígena: 0,49%. O número total de evangélicos no Brasil obedece a seguinte configuração: (1) Igrejas tradicionais, ou de missões: 7.686.827 membros; (2) Igrejas pentecostais e neopentecostais: 25.370.484, perfazendo um total de: 33.057.311 evangélicos no país. Os números, por si só, podem dizer muita coisa, mas também, podem não mostrar nada. Cabe a cada igreja pensar neles, não os utilizando, meramente, como troféu ou alvo, mas apenas como indicador de que muita coisa ainda precisa ser feita para alcançar o alvo estabelecido por Deus: O Mundo. Porém, é preciso tomas cuidado para que o pragmatismo e o estrelismo, próprios do nosso tempo, não sejam aqueles que deem os ditames do trilho a seguir, mas que a verdadeira Igreja do Senhor busque na Palavra de Deus, as instruções de como viver e cumprir a sua missão, buscando a glória e a honra de Deus. Que Ele nos abençoe! Rev. Marcos André Marques. Fonte: https://noticias.gospelmais.com.br/infografico-evangelicos-maiores-igrejas-brasil-42425.html Pr Ricardo Gondim Rompe com o Movimento Evangelicoquinta-feira, 16 de fevereiro de 2012 Ricardo Gondim rompe com o “Movimento Evangélico”
O pastor Ricardo Gondim, da Igreja Betesda, anunciou em seu site, através de um artigo, que está rompendo com o Movimento Evangélico. Narrando suas experiências religiosas desde adolescência, quando abandonou o catolicismo inquieto pelo que chamou de “dogmas” da igreja romana, o pastor falou sobre o que o fez romper com a Igreja Presbiteriana e com a Assembleia de Deus, exemplificando cada caso. Agora, se dizendo sem saber para onde ir, afirma que está querendo “apenas experimentar a liberdade prometida nos Evangelhos” e que não abandonará sua vocação de pastor e continuará servindo na Betesda. Os motivos listados por Gondim em seu artigo reclamam da transformação do evangelho em negócio, e se diz “incapaz de tolerar” a transformação da fé em negócio. “Não posso aceitar, passivamente, que tentem converter os cristãos em consumidores e a igreja, em balcão de serviços religiosos. Entendo que o movimento evangélico nacional se apequenou. Não consegue vencer a tentação de lucrar como empresa. Recuso-me a continuar esmurrando as pontas de facas de uma religião que se molda à Babilônia”, acusa o pastor. A falta de afinidade com os grandes líderes evangélicos nacionais também é colocada como uma questão de peso e decisiva para o rompimento: “Não consigo admirar a enorme maioria dos formadores de opinião do movimento evangélico (principalmente os que se valem da mídia). Conheço muitos de fora dos palcos e dos púlpitos. Sei de histórias horrorosas, presenciei fatos inenarráveis e testemunhei decisões execráveis”, afirma o pastor, sem citar nomes. Em mais uma crítica direta à teologia da prosperidade, que tem sido priorizada em diversas denominações, o pastor Gondim afirma que a igreja se tornou inútil ao pregar essa mensagem: “No momento em que o sal perde o sabor para nada presta senão para ser jogado fora e pisado pelos homens. Não desejo me sentir parte de uma igreja que perde credibilidade por priorizar a mensagem que promete prosperidade. Como conviver com uma religião que busca especializar-se na mecânica das “preces poderosas”? O que dizer de homens e mulheres que ensinam a virtude como degrau para o sucesso? Não suporto conviver em ambientes onde se geram culpa e paranoia como pretexto de ajudar as pessoas a reconhecerem a necessidade de Deus”. Um texto publicado pelo jornalista Paulo Lopes, atribuído a José Geraldo Gouvêa, ateu declarado, afirma que “Gondim não tem para onde ir, a não ser os braços do ateísmo”. O autor do texto afirma se identificar com o pastor, “uma espécie de Leonardo Boff evangélico”, fazendo menção ao ex-frei e crítico ferrenho da Igreja Católica.
Não perdi o juízo. Minha espiritualidade não foi a pique. Minhas muitas tarefas não me esgotaram. Entretanto, não cessam os rótulos e os diagnósticos sobre minha saúde espiritual. Escrevo, mas parece que as minhas palavras chegam a ouvidos displicentes. Para alguns pareço vago, para outros, fragmentado e inconsistente nas colocações (talvez seja mesmo). Várias pessoas avisam que intercedem a Deus para que Ele me acuda.
Minha peregrinação cristã está, há muito, marcada por rompimentos. O primeiro, rachei com a Igreja Católica, onde nasci, fui batizado e fiz a Primeira Comunhão. Em premonitórias inquietações não aceitava dogmas. Pedi explicações a um padre sobre certas práticas que não faziam muito sentido para mim. O sacerdote simplesmente deu as costas, mas antes advertiu: “Meu filho, afaste-se dos protestantes, eles são um problema!”.
Depois de ler a Bíblia, decidi sair do catolicismo; um escândalo para uma família que se orgulhava de ter padres e freiras na árvore genealógica – e nenhum “crente”. Aportei na Igreja Presbiteriana Central de Fortaleza. Meus únicos amigos crentes vinham dessa denominação. Enfronhei em muitas atividades. Membro ativo, freqüentei a escola dominical, trabalhei com outros jovens na impressão de boletins, organizei retiros e acampamentos. No cúmulo da vontade de servir, tentei até cantar no coral – um desastre. Liderei a União de Mocidade. Enfim, fiz tudo o que pude dentro daquela estrutura. Fui calvinista. Acreditei por muito tempo que Deus, ao criar todas as coisas, ordenou que o universo inteiro se movesse de acordo com sua presciência e soberania. Aceitei tacitamente que certas pessoas vão para o céu e para o inferno devido a uma eleição. Essa doutrina fazia sentido para mim até porque eu me via um dos eleitos. Eu estava numa situação bem confortável. E podia descansar: a salvação da minha alma estava desde sempre garantida. Mesmo que caísse na gandaia, no último dia, de um jeito ou de outro, a graça me resgataria. O propósito de Deus para minha vida nunca seria frustrado, me garantiram.
Em determinada noite, fui a um culto pentecostal. O Espírito Santo me visitou com ternura. Em êxtase, imerso no amor de Deus, falei em línguas estranhas – um escândalo na comunidade reverente e bem comportada. Sob o impacto daquele batismo, fui intimado a comparecer à versão moderna da Inquisição. Numa minúscula sala, pastores e presbíteros exigiram que eu negasse a experiência sob pena de ser estigmatizado como reles pentecostal. Ameaçaram. Eu sofreria o primeiro processo de expulsão, excomunhão, daquela igreja desde que se estabelecera no século XIX. Ainda adolescente e debaixo do escrutínio opressivo de uma gerontocracia inclemente, ouvi o xeque mate: “Peça para sair, evite o trauma de um julgamento sumário. Poupe-nos de sermos transformados em carrascos”. Às duas da madrugada, capitulei. Solicitei, por carta, a saída. A partir daquele momento, deixei de ser presbiteriano.
De novo estava no exílio. Meu melhor amigo, presidente da Aliança Bíblica Universitária, pertencia a Assembleia de Deus e para lá fui. Era mais um êxodo em busca de abrigo. Eu só queria uma comunidade onde pudesse viver a fé. Cedo vi que a Assembleia de Deus estava engessada. Sobravam legalismo, politicagem interna e ânsia de poder temporal. Não custou e notei a instituição acorrentada por uma tradição farisaica. Pior, iludia-se com sua grandeza numérica. Já pastor da Betesda eu me tornava, de novo, um estorvo. Os processos que mantinham o povo preso ao espírito de boiada me agrediam. Enquanto denunciava o anacronismo assembleiano eu me indispunha. A estrutura amordaçava e eu me via inibido em meu senso crítico. A geração de pastores que ascendia se contentava em ficar quieta. Balançava a cabeça em aprovação aos desmandos dos encastelados no poder. Mais uma vez, eu me encontrava numa sinuca. De novo, precisei romper. Eu estava de saída da maior denominação pentecostal do Brasil. Mas, pela primeira vez, eu me sentia protegido. A querida Betesda me acompanhou.
Agora sinto necessidade de distanciar-me do Movimento Evangélico. Não tenho medo. Depois de tantas rupturas mantenho o coração sóbrio. As decepções não foram suficientes para azedar a minha alma, sequer fortes para roubar a minha fé. “Seja Deus verdadeiro e todo homem mentiroso”.
Estou crescentemente empolgado com as verdades bíblicas que revelam Jesus de Nazaré. Aumenta a minha vontade de caminhar ao lado de gente humana que ama o próximo. Sinto-me estranhamente atraído à beleza da vida. Não cesso de procurar mentores. Estou aberto a amigos que me inspirem a alma.
Então por que uma ruptura radical? Meus movimentos visam preservar a minha alma da intolerância. Saio para não tornar-me um casmurro rabugento. Não desejo acabar um crítico que nunca celebra e jamais se encaixa onde a vida pulsa. Não me considero dono da verdade. Não carrego a palmatória do mundo. Cresce em mim a consciência de que sou imperfeito. Luto para não permitir que covardia me afaste do confronto de meus paradoxos. Não nego: sou incapaz de viver tudo o que prego – a mensagem que anuncio é muito mais excelente do que eu. A igreja que pastoreio tem enormes dificuldades. Contudo, insisto com a necessidade de rescindir com o que comumente se conhece como Movimento Evangélico.
1. Vejo-me incapaz de tolerar que o Evangelho se transforme em negócio e o nome de Deus vire marca que vende bem. Não posso aceitar, passivamente, que tentem converter os cristãos em consumidores e a igreja, em balcão de serviços religiosos. Entendo que o movimento evangélico nacional se apequenou. Não consegue vencer a tentação de lucrar como empresa. Recuso-me a continuar esmurrando as pontas de facas de uma religião que se molda à Babilônia.
2. Não consigo admirar a enorme maioria dos formadores de opinião do movimento evangélico (principalmente os que se valem da mídia). Conheço muitos de fora dos palcos e dos púlpitos. Sei de histórias horrorosas, presenciei fatos inenarráveis e testemunhei decisões execráveis. Sei que muitas eleições nas altas cupulas denominacionais acontecem com casuísmos eleitoreiros imorais. Estive na eleição para presidente de uma enorme denominação. Vi dois zeladores do Centro de Convenções aliciados com dinheiro. Os dois receberam crachá e votaram como pastores. Já ajudei em “cruzadas” evangelísticas cujo objetivo se restringiu filmar a multidão, exibir nos Estados Unidos e levantar dinheiro. O fim último era sustentar o evangelista no luxo nababesco. Sou testemunha ocular de pastores que depois de orar por gente sofrida e miserável debocharam delas, às gargalhadas. Horrorizei-me com o programa da CNN em que algumas das maiores lideranças do mundo evangélico americano apoiaram a guerra do Iraque. Naquela noite revirei na cama sem dormir. Parecia impossível acreditar que homens de Deus colocam a mão no fogo por uma política beligerante e mentirosa de bombardear outro país. Como um movimento, que se pretende portador das Boas Novas, sustenta uma guerra satânica, apoiada pela indústria do petróleo.
3. No momento em que o sal perde o sabor para nada presta senão para ser jogado fora e pisado pelos homens. Não desejo me sentir parte de uma igreja que perde credibilidade por priorizar a mensagem que promete prosperidade. Como conviver com uma religião que busca especializar-se na mecânica das “preces poderosas”? O que dizer de homens e mulheres que ensinam a virtude como degrau para o sucesso? Não suporto conviver em ambientes onde se geram culpa e paranoia como pretexto de ajudar as pessoas a reconhecerem a necessidade de Deus.
4. Não consigo identificar-me com o determinismo teológico que impera na maioria das igrejas evangélicas. Há um fatalismo disfarçado que enxerga cada mínimo detalhe da existência como parte da providência. Repenso as categorias teológicas que me serviam de óculos para a leitura da Bíblia. Entendo que essa mudança de lente se tornou ameaçadora. Eu, porém, preciso de lateralidade. Quero dialogar com as ciências sociais. Preciso variar meus ângulos de percepção. Não gosto de cabrestos. Patrulhamento e cenho franzido me irritam . Senti na carne a intolerância e como o ódio está atrelado ao conformismo teológico. Preciso me manter aberto à companhia de gente que molda a vida, consciente ou inconsciente, pelos valores do Reino de Deus sem medo de pensar, sonhar, sentir, rir e chorar. Desejo desfrutar (curtir) uma espiritualidade sem a canga pesada do legalismo, sem o hermético fundamentalismo, sem os dogmas estreitos dos saudosistas e sem a estupidez dos que não dialogam sem rotular.
Não, não abandonarei a vocação de pastor. Não negligenciarei a comunidade onde sirvo. Quero apenas experimentar a liberdade prometida nos Evangelhos. Posso ainda não saber para onde vou, mas estou certo dos caminhos por onde não devo seguir.
Soli Deo Gloria
Fonte: Golpel+
Postado por Pr Eliel Amaral Soares às 08:03
A MULHER EM PROVÉRBIOS 31 Visite estesSites: 14. Reforma e Contra-Reforma: Seus Duplos ImpactosAs forças da reforma pararam assim que alcançaram as fronteiras da Rússia e do Império Otomano Turco, de maneira que a Igreja Ortodoxa não passou bem por uma reforma nem por uma contra-reforma. Seria no entanto um erro concluir que esses dois movimentos não tiveram qualquer influência sobre a Ortodoxia. Existiram muitos meios de contato. Ortodoxos, como já vimos, foram estudar no Ocidente. Jesuítas e franciscanos, enviados para o Mediterrâneo Oriental, assumiram trabalho missionário entre os Ortodoxos; os jesuítas trabalharam também na Ucrânia. As embaixadas em Constantinopla, tanto dos Católicos Romanos, quanto dos Protestantes, tiveram tanto um papel religioso assim como político. Durante o século dezessete esses contatos conduziram a desenvolvimentos significativos na teologia ortodoxa. A primeira troca de ponto de vista entre os Ortodoxos e Protestantes começou em 1573 quando uma delegação de eruditos luteranos de Tübingen, liderados por Jacob Andreae e Martin Crusius, visitou Constantinopla e deu ao Patriarca Jeremias II uma cópia da Confissão de Augsburgo traduzida para o grego. Sem dúvidas eles esperavam iniciar uma espécie de reforma entre os gregos; como Crusius um tanto ingenuamente escreveu: "Se eles quiserem tomar ensinamentos para a salvação eterna de suas almas, eles devem se juntar a nós e abraçar nossos ensinamentos ou então perecer eternamente!" Jeremias, no entanto, em suas três respostas para os teólogos de Tübigen (datadas de 1576, 1579, 1581), aderiu estritamente à posição ortodoxa tradicional e não mostrou nenhuma inclinação para o Protestantismo. Os Luteranos mandaram respostas para as duas primeiras cartas, mas em sua terceira carta, sentindo que os assuntos tinham atingido um beco sem saída, estava dito: "Sigam à seu modo e não escrevam nunca mais sobre assuntos doutrinais; e se escreverem, escrevam só pela amizade." O incidente mostra o interesse sentido pelos reformadores pela Igreja Ortodoxa. As respostas do Patriarca são importantes como sendo a primeira e autorizada crítica das doutrinas da Reforma sob o ponto de vista ortodoxo. Os principais assuntos discutidos por Jeremias foram livre arbítrio e graças, escrituras e tradição, os Sacramentos, orações para os mortos e orações para os santos. Durante o interlúdio de Tübigen, Luteranos e Ortodoxos mostraram grande cortesia uns para os outros. Um espírito muito diferente marcou o primeiro contato entre a Ortodoxia e a Contra-Reforma. Isso ocorreu fora dos limites do Império Turco, na Ucrânia. Depois da destruição do poder de Kiev pelos Tártaros, uma grande área no sudoeste da Rússia, incluindo a própria cidade de Kiev, foi absorvida pela Lituânia e Polônia; essa parte sudoeste da Rússia é conhecida como Pequena Rússia ou Ucrânia. As colônias da Polônia e Lituânia estavam unidas sob um único poder desde 1386; assim, enquanto o monarca desse reino conjunto e a maioria da população era católico-romana, uma apreciável minoria dos seus súditos era russa e Ortodoxa. Esses Ortodoxos, na Pequena Rússia, eram um incomodo considerável. O Patriarca de Constantinopla, a cuja jurisdição eles pertenciam, não conseguia exercer um efetivo controle na Polônia; seus Bispos não eram indicados pela Igreja mas pelo rei católico romano da Polônia e eram, as vezes, cortesãos inteiramente não dotados de qualidades espirituais e incapazes de prover qualquer liderança inspiradora. Existia no entanto um laicado vigoroso, liderados por numerosos nobres ortodoxos enérgicos, e em muitas cidades existiam poderosas associações leigas conhecidas como Irmandades (Bratstva). Mais de uma vez as autoridades católico-romanas na Polônia tentaram fazer os Ortodoxos se submeterem ao Papa. Com a chegada da Sociedade de Jesus em 1564 a pressão sobre os Ortodoxos aumentou. Os jesuítas começaram por negociar secretamente com os Bispos Ortodoxos, que estavam em sua maior parte desejosos de colaborar (devemos lembrar que eles eram nomeados por um monarca católico-romano). No tempo oportuno, assim esperavam os Jesuítas, a hierarquia Ortodoxa completa da Polônia concordaria em submeter-se em bloco ao Papa, e a "união" poderia ser proclamada em público como um fato consumado antes que qualquer um pudesse levantar objeções: por isso a necessidade de ocultação nos estágios iniciais da operação. Mas os fatos não ocorreram inteiramente de acordo com o plano. Em 1596, um concílio foi convocado em Brest-Litovsk para proclamar a união com Roma, mas a hierarquia estava dividida. Seis de oito Bispos Ortodoxos, incluindo o Metropolita de Kiev, Michael Ragoza, apoiavam a união, mas os outros Bispos, junto com um grande números de delegados dos mosteiros e do clero paroquial queriam permanecer membros da Igreja Ortodoxa. Os dois lados concluíram por excomungar e anatematizar um ao outro. Assim veio a ter existência na Polônia a Igreja Uniata, cujos membros eram conhecidos como "católicos de rito oriental." Os decretos do Concílio de Florença formaram a base da união. Os uniatas reconheceram a supremacia do Papa, mas eram permitidos manter suas práticas tradicionais (tais como clero casado); e eles continuaram como antes a usar a liturgia eslavônica, apesar de que, com o tempo, elementos ocidentais terem sido nela introduzidos. Exteriormente portanto, existia muito pouco para distinguir Ortodoxos de Uniatas e fica-se a pensar o quanto entendiam dessa disputa os camponeses não educados na Pequena Rússia. Muitos deles explicavam a disputa de qualquer modo, dizendo que o Papa tinha então se juntado a Igreja Ortodoxa. As autoridades governamentais reconheceram somente as decisões do partido romano no Concilio de Brest, quando consideraram que a Igreja Ortodoxa da Polônia tinha então deixado de existir legalmente. Aqueles que desejaram continuar Ortodoxos foram severamente perseguidos. Mosteiros e Igrejas foram tomados e dados a Uniatas, contra a vontade dos monges e congregações: "Pessoas católico romanas polonesas as vezes entregavam a Igreja Ortodoxa de seus camponeses a um usuário judeu que podia então cobrar uma taxa para permitir a realização de um batismo ou funeral Ortodoxo" (Benard Pares, A History of Rússia, 3ª edição, Londres, p 167). A história do movimento uniata na Polônia mostra escritos muito tristes. Os jesuítas começaram usando fraudes e terminaram recorrendo à violência. Sem dúvida eles eram homens sinceros que genuinamente desejavam a unidade da Cristandade, mas as táticas que eles empregaram eram mais apropriadas para alargar o fosso que para fecha-lo. A União de Brest azedou as relações entre a Ortodoxia e Roma desde 1596 até os dias presentes. É uma pequena maravilha que os Ortodoxos, quando viram o que estava acontecendo na Polônia, tenham preferido os maometanos aos católicos romanos, como Alexandre Nevsky tinha preferido os tártaros aos cavaleiros teutônicos. Viajando através da Ucrânia por volta de 1650, Paulo de Alepo, sobrinho e arcediago do Patriarca de Antioquia, refletiu a típica atitude Ortodoxa quando ele escreveu em seu diário: "Deus, perpetue o Império Turco! Pois eles nos tomam impostos e não levam em conta a religião, sejam seus dominados cristãos ou nazarenos, judeus ou samaritanos; ao passo que esses amaldiçoados, não satisfeitos com tomar taxas e dízimos de seus súditos cristãos, sujeitam-nos aos inimigos de Cristo,os judeus, que não permitem que eles construam Igrejas ou tenham com eles qualquer padre educado." Aos poloneses ele classifica de "mais vis e maus adoradores de ídolos, por sua crueldade com os Cristãos" (The Travels of Macarius, Ed L.Ridding, London, 1936, pág. 15). A perseguição revigorou a Igreja Ortodoxa da Ucrânia. Apesar de muitos nobres ortodoxos terem se juntado aos Uniatas, as Irmandades mantiveram-se firmes e expandiram suas atividades. Para responder à propaganda jesuítica eles mantinham publicações e editavam livros em defesa da Ortodoxia; para se contrapor à influência das escolas jesuítas eles organizaram suas próprias escolas Ortodoxas . Em 1650 o nível de aprendizado na Pequena Rússia era mais alto que em qualquer outro lugar no mundo ortodoxo; eruditos de Kiev, viajando para Moscou nessa época, fizeram muito para elevar o padrão na Grande Rússia. Nessa renovação do aprendizado, uma parte particularmente brilhante foi feita por Peter Moghila, Metropolita de Kiev de 1633 a 1647. Voltaremos a ele logo adiante. Um dos representantes do Patriarcado de Constantinopla em Brest, em 1596, foi um jovem padre grego chamado Cyril Lukaris (1572 — 1638). Suas experiências na Pequena Rússia inspiraram nele, por toda vida, um ódio pela Igreja de Roma, e quando ele se tornou Patriarca de Constantinopla, ele devotou todas as suas energias a combater toda influência Católico Romana no Império Turco. Foi um infortúnio, apesar de talvez inevitável, que em sua luta contra a "Igreja Papista" (como os gregos a chamam) ele tenha se envolvido profundamente em política. Ele naturalmente procurou por auxílio na Embaixada Protestante em Constantinopla, enquanto seus oponentes jesuítas, por sua parte, usaram os representantes diplomáticos dos poderes católicos romanos. Além de invocar a assistência política dos diplomatas protestantes, Cyril também caiu sob a influência protestante em assuntos de teologia e sua "Confession" (por "confissão" nesse contexto entenda-se um estatuto de fé, uma declaração solene de crenças religiosas), publicada pela primeira vez em Genebra em 1629, é distintivamente Calvinista em muitos dos seus ensinamentos. O reinado de Cyril como Patriarca é uma das mais longas séries de tempestuosas e não edificantes intrigas e forma um dos mais horríveis exemplos do estado do Patriarcado Ecumênico sob os Otomanos. Seis vezes deposto do cargo e seis vezes reinstalado, ele foi finalmente estrangulado por janízaros, e seu corpo jogado no Bósforo. Em última análise existiu algo de profundamente trágico em sua carreira, desde que foi possivelmente o mais brilhante homem a ocupar o cargo de Patriarca desde os dias de São Pothius. Tivesse ele vivido em condições mais felizes, livre de intrigas políticas, seus dons excepcionais poderiam ter tido um muito melhor uso. O Calvinismo de Cyril foi forte e rapidamente repudiado por seus companheiros Ortodoxos, sua Confissão tendo sido condenada por não menos que seis Concílios locais entre 1638 e 1691. Em reação direta a Cyril, dois outros hierarcas ortodoxos, Peter Moghila e Dositheus de Jerusalém, produziram confissões próprias. A Confissão Ortodoxa de Pedro, escrita em 1640, foi baseada indiretamente em manuais católico romanos. Foi aprovada pelo Concílio de Jassy na Romênia (1642), mas só após ter sido revisada por um grego, Meletius Syrigos, que alterou particularmente as passagens relativas à Consagração (que Pedro atribuía somente as palavras da instituição) e ao Purgatório. Mesmo na forma revisada, a Confissão de Moghila é ainda o mais latino documento que em qualquer tempo foi adotado por um Concílio oficial da Igreja Ortodoxa. Dositheus, Patriarca de Jerusalém de 1699 a 1707, também foi fortemente atraido por fontes latinas. Sua Confession, ratificada em 1672 pelo Concílio de Jerusalém, (também conhecido como Concílio de Belém), responde a Confessions de Cyril ponto por ponto com concisão e clareza. As questões principais sobre as quais Cyril e Dositheus divergem são quatro: a questão do livre arbítrio, graça e predestinação; a doutrina da Igreja; o número e a natureza dos sacramentos e a veneração dos ícones. Em suas afirmações sobre a Eucaristia, Dositheus não só adotou o termo latino transubstanciação como adotou a distinção escolástica entre substância e acidente ; e ao defender oração para os mortos ele chegou muito perto da doutrina romana do Purgatório, sem usar a própria palavra Purgatório. No conjunto, no entanto, a Confession de Dositheus é menos latina que a de Moghila e deve certamente ser olhada como um documento de primária importância na história da Teologia Ortodoxa Moderna. Face ao Calvinismo de Lukaris, Dositheus usou as armas que lhe estavam mais a mão — armas latinas (sob circunstâncias a única coisa que ele poderia fazer); mas a fé que ele defendeu com essas armas latinas não foi a Romana, mas a Ortodoxa. Fora da Ucrânia, as relações entre Ortodoxos e Católicos Romanos eram freqüentemente amistosas no século dezessete. Em muitos lugares do Mediterrâneo Oriental, particularmente nas Ilhas Gregas que estavam sob o domínio veneziano, gregos e latinos participaram da louvação do outro: até mesmo lemos sobre procissões católico-romanas do Santo Sacramento que o clero ortodoxo acompanhava com força, usando vestimenta completa, com velas e estandartes . Bispos gregos convidavam missionários latinos para pregar para seus rebanhos ou ouvir suas confissões. Mas depois de 1700 esses contatos amistosos se tornaram menos freqüentes e por volta de 1750 tinham cessado, em sua maior parte. Em 1724 uma grande parcela do Patriarcado Ortodoxo de Constantinopla submeteu-se a Roma; depois disso as autoridades Ortodoxas, temendo que o mesmo pudesse acontecer em algum outro lugar do Império Turco, tomaram uma posição muito mais estrita em suas relações com os católico-romanos. O clímax em sentimentos anti-romanos veio em 1755, quando os Patriarcas de Constantinopla, Alexandria e Jerusalém declararam ser o batismo romano inteiramente inválido e exigiram que todos os convertidos à Ortodoxia fossem batizados de novo. "Os batismos de heréticos tem que ser rejeitados e abominados," o decreto estabeleceu; eles são "águas que não podem ter proveito (....) nem dar nenhuma santificação a quem as recebeu, tem nenhum valor para a lavagem dos pecados." Essa medida permaneceu em vigor no mundo grego até o final do século dezenove, mas não se entendeu para a Igreja da Rússia; os russos batizaram os convertidos do Catolicismo Romano entre 1441 e 1667, mas desde 1667 eles normalmente não mais procederam assim. A Ortodoxia do século dezessete entrou em contato não só com os Católicos Romanos, Luteranos e Calvinistas mas também com a Igreja da Inglaterra. Cyril Lukakis correspondeu-se com o Arcebispo e Abade de Canterbury e um futuro Patriarca de Alexandria, Metrofanes Kristopoulos, estudou em Oxford de 1617 a 1624; Kristopoulos é o autor de uma Confession, de tom levemente protestante mas largamente utilizada na Igreja Ortodoxa. Por volta de 1694 existiu até mesmo um plano de se estabelecer um "colégio grego" em Gloucester Hall, Oxford (hoje em dia Worcester College), e cerca de dez estudantes gregos foram de fato enviados para Oxford, mas o plano falhou por falta de dinheiro e os gregos acharam a comida e os alojamentos tão pobres que muitos foram embora. De 1716 a 1725 uma correspondência muito interessante foi mantida entre os Ortodoxos e os Não- Jurados (um grupo de Anglicanos que se separaram do corpo principal da Igreja da Inglaterra em 1688, preferindo agir assim do que jurar aliança ao usurpador Guilherme de Orange). Os Não Jurados aproximaram-se tanto dos quatro Patriarcas Orientais quanto da Igreja da Rússia na esperança de estabelecer comunhão com a Ortodoxia. Mas os Não-Jurados não puderam aceitar o ensinamento Ortodoxo a respeito da presença de Cristo na Eucaristia; eles também se mostraram perturbados pela veneração mostrada pelos Ortodoxos para com a Mãe de Deus, os Santos, e os Santos Ícones . E a correspondência foi suspensa sem que nenhum acordo fosse alcançado. Olhando-se para trás, para o trabalho de Dositeu e Moghila, nos Concílios de Jassy e Jerusalém, e para a correspondência com os Não-Jurados, surpreende-se pelas limitações da teologia grega nesse período: não se encontra a tradição ortodoxa em sua totalidade. No entanto, os Concílios do século dezessete fizeram uma contribuição permanente e construtiva à Ortodoxia. As controvérsias da reforma levantaram problemas que nem os Concílios Ecumênicos nem a Igreja do Império Bizantino mais tardio tinham sido chamados a enfrentar: no século dezessete os Ortodoxos foram forçados a pensar mais cuidadosamente sobre os Sacramentos e acerca da natureza e autoridade da Igreja. Foi importante para a Ortodoxia expressar sua mentalidade acerca desses tópicos e definir sua posição em relação aos novos ensinamentos que haviam surgido no ocidente; essa foi a tarefa que foi imposta aos Concílios do século dezessete. Esses Concílios foram locais, mas a essência de suas decisões foi aceita pela Igreja Ortodoxa como um todo. Os Concílios do século dezessete, como os Concílios hesicastas de trezentos anos antes, mostram que o trabalho teológico criativo não chegou ao fim na Igreja Ortodoxa depois do período dos Concílios Ecumênicos. Existem doutrinas importantes não definidas nos Concílios Gerais, que todo Ortodoxo é obrigado a aceitar como uma parte integrante de sua fé. Muitos ocidentais aprendem sobre Ortodoxia estudando o período Bizantino ou através do pensamento religioso russo nos últimos cem anos. Em ambos os casos eles tendem a pular o século dezessete e a sub avaliar sua influência sobre a história da Ortodoxia. Por todo o período do Império Turco as tradições do hesicasmo permaneceram vivas, particularmente no Monte Atos; e no final do século dezoito houve um importante renascimento espiritual cujos efeitos podem ser sentidos até hoje. No centro desse renascimento esteve um monge no Monte Atos, São Nicodemus da Montanha Santa (o "Hagiorita," 1748-1809), chamado mui justamente de "uma enciclopédia do aprendizado atonita de seu tempo" com o auxilio de São Macários (Notaras), Metropolita de Corinto, Nicodemus compilou uma antologia de escritos espirituais chamada Philocalia. Publicada em Veneza em 1782, é um trabalho gigantesco de 1207 páginas fólio, contendo autores do quarto ao décimo quinto século e tratando principalmente com a teoria e a prática da oração, especialmente a oração de Jesus. Essa publicação provou-se ter sido uma das publicações mais influentes da história da Ortodoxia e foi amplamente lida não só por monges, mas também por muitas outras pessoas, sendo lido até a presente data. Traduzida para o eslavônio e russo ela foi um instrumento que demonstrou a grande espiritualidade russa do século dezenove. Nicodemus era conservador, mas não estreito ou obscurantista. Ele aproximou-se de obras de devoção católico-romanas adaptando para o Ortodoxo (livros de Lorenzo de Scupoli e Inácio de Loyola). Ele e seu círculo eram fortes advogados de comunhão freqüente, apesar de que naquela época muitos Ortodoxos comungarem só poucas vezes por ano. Na verdade, Nicodemus era vigorosamente atacado nesse assunto, mas um Concílio em 1879, em Constantinopla, confirmou seu ensinamento. Movimentos que estão tentando introduzir comunhão semanal na Grécia de hoje apelam para a grande autoridade de Nicodemus. É dito com muita razão que se há muito a lamentar sobre o estado da Ortodoxia durante o período turco, também existiu muito para se admirar. Apesar de inumeráveis desencorajamentos, a Igreja Ortodoxa sobre o domínio Otomano, nunca perdeu sua essência. Existiram de fato muitos casos de apostasia para o Islam, mas na Europa, não foram tão freqüentes quanto era a expectativa. A Ortodoxia nesses séculos teve muitos mártires que são honrados no calendário da Igreja com o título especial de Novos Mártires; muitos deles foram gregos que tornaram-se maometanos e depois, arrependidos, retornaram ao Cristianismo — pelo que a penalidade era a morte. A corrupção na alta administração da Igreja, chocante como foi, tinha muito pouco efeito sobre a vida diária do cristão comum, que ainda era capaz de comparecer, todo Domingo, em sua Igreja paroquial. Mais do que qualquer outra coisa, foi a Sagrada Liturgia que manteve a Ortodoxia viva naqueles dias negros. |