por Rev. Adenauer Lima A data em que a Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) comemora o dia do pastor presbiteriano está ligada a história de dois importantes pastores de nossa denominação: Ashbel Green Simonton e José Manoel da Conceição Como essa história começou Rev. Ashbel Green Simonton Voltemos ao ano de 1859. No dia 12 de agosto de 1859 chega ao Brasil, desembarcando na Baía de Guanabara (Rio de Janeiro), o primeiro presbiteriano a colocar os pés em solo tupiniquim, o missionário Ashbel Green Simonton. O Rev. Simonton nasceu no dia 20 de janeiro de 1833, nos Estados Unidos da América, e após uma adolescência com alguns conflitos interiores resolve dedicar-se ao ministério da Palavra e ingressa no Seminário de Princeton. Quando ainda seminarista sentiu-se motivado pelo trabalho missionário e em meio a dúvidas quanto ao campo de atuação, Deus acabou por direcioná-lo rumo a um país chamado Brasil. Às 9:30 da manhã de18 de junho de 1859 o Rev. Simonton parte dos EUA no navio Banshee em direção ao Rio de Janeiro, e depois de aproximadamente quarenta dias de viajem ele finalmente avista o local do desembarque e assim descreve a primeira impressão dessa terra chamada Brasil: “É um lugar lindo, o mais singular e impressionante que jamais vi. Nunca teria imaginado tal porto, com beleza sublime, protegido de ventos e ondas, e capaz de defesa contra ataques de mar ou de terra. Está em uma baía rodeada de curiosas ilhas e pedras, altas e sólidas. Algumas parecem ovos flutuando na água com uma das pontas para cima… A cidade está a cerca de duas milhas, sobre uma grande extensão de vales e montanhas; brilha o sol com suas paredes caiadas de branco. Fazendo fundo para essa linda pintura, há uma cadeia de morros altos montanhas.”[1] Sob o comando do Rev. Simonton foi criado o primeiro jornal evangélico do Brasil, o “Imprensa Evangélica” em novembro de 1864; um jornal que logo ganhou muito respeito mesmo entre o público não evangélico. O trabalho no Brasil crescia contando com o apoio de dois outros missionários estrangeiros, o Rev. Blackford e o Rev. Schneider. E em 16 de dezembro de 1865 foi organizado o primeiro Presbitério da recém-chegada Igreja Presbiteriana em solo brasileiro. O primeiro Presbitério ficou conhecido como o Presbitério de Rio de Janeiro, e a reunião aconteceu em uma casa onde se reunia a Igreja Presbiteriana de São Paulo, na rua Nova de São José, no. 1 (hoje Rua Líbero Badaró, junto ao Largo de São Bento). No dia seguinte (17 de dezembro de 1865), como assunto do recém-formado Presbitério do Rio de Janeiro, ocorreu a ordenação do ex-padre José Manoel da Conceição. Tendo em vista que, até então, todos os pastores protestante eram estrangeiros, José da Conceição figura como O primeiro pastor (nascido no Brasil) de toda história do protestantismo brasileiro. O padre “protestante” e o Dia do Pastor Presbiteriano Rev. José Manoel da Conceição No período em que o Rev. Simonton começava seu trabalho missionário no Brasil, crescia no interior de São Paulo a fama de um padre que estava causando muita dor de cabeça à Igreja Católica brasileira. Seu nome era José Manoel da Conceição e devido às suas pregações contra o catolicismo ficou conhecido como “padre-protestante”. De tempo em tempo era transferido pela Igreja Católica, de paróquia em paróquia, a fim de que seus ensinos, anti-catolicismo romano, não tivessem muita influência nas comunidades por onde passava. José Manoel da Conceição nasceu na cidade de São Paulo no dia 11 de março de 1822. Foi batizado na Igreja da Sé em São Paulo em 24 de março de 1822, tendo como padrinho o tio-avô, o padre José Francisco de Mendonça. Cada vez mais afastando-se do catolicismo romano, comprou um sítio em Corumbataí nas proximidades de Rio Claro-SP. Ali ele tentou se isolar e procurar refletir sobre os anseios religiosos; as doutrinas romanas não lhe davam conforto nem paz de espírito. Em 22 de outubro de 1863 o Rev. Blackford (cunhado do Rev. Simonton) partiu de São Paulo rumo a Rio Claro, tendo em vista auxiliar a Missão Presbiteriana que ali já possuía um trabalho. Em Rio Claro ouve falar acerca do padre de Brotas, que tinha fama de protestante. Não tardou para que Blackford fosse em busca desse famoso “padre-protestante”. “A conversa não foi longa, mas tratou de assuntos vitais. Blackford evitou tópicos polêmicos. Concluiu que o padre estava bem esclarecido sobre a ação do Espírito Santo; repetiu textos bíblicos da redenção em Jesus Cristo. Concordavam, padre e pastor. Quando Blackford se retirou uma eternidade de alegria inundava o coração do padre.”[2] Eis o início do notável ministério do primeiro pastor brasileiro. A partir desta visita muito foi mudado. Conceição desliga-se da Igreja Católica Romana e começa a pregar o evangelho não mais como padre, mas como um protestante convicto. Ainda não havia nenhum Seminário Presbiteriano em solo brasileiro, mas a capacitação de Conceição para assumir o pastorado era inegável. Dominava ele alguns idiomas além do português e sua bagagem teológica era facilmente percebida; talvez não fosse nenhum exagero afirmar que estava academicamente tão preparado quanto os próprios missionários presbiterianos estrangeiros que chegaram ao Brasil. Em 16 de dezembro de 1865 o primeiro Presbitério foi organizado, e uma das finalidades da formação desse Presbitério foi a ordenação de Conceição ao Sagrado Ministério. Em 17 de dezembro de 1865 é ordenado (mesmo sem fazer ou refazer um curso teológico) ministro evangélico da Igreja Presbiteriana. José Manoel da Conceição assim informa o Presbitério em um de seus primeiros relatórios: “Aos 28 de fevereiro de 1866 sai de São Paulo pregando o Evangelho. Tomei a estrada do Sul para Sorocaba. Visitava as casas da estrada e pregava onde havia oportunidade.”[3] O trabalho do ex-padre foi digno de nota. Ele visitava os locais onde havia sido padre para – agora pastor – pregar a mensagem do Evangelho. Viajava geralmente à pé ou no lombo de um cavalo. De São Paulo ao Rio de Janeiro foi andando pregando e fazendo obras de caridade. Em homenagem ao Rev. José Manoel da Conceição a data de sua ordenação é lembrada sendo comemorado pela IPB o dia do pastor presbiteriano (17 de dezembro). Outras homenagens foram feitas a este notável personagem. No ano de 1928 foi fundado o Instituto Presbiteriano Rev. José Manoel da Conceição em Jandira – SP. E em 1980 o Seminário Teológico Presbiteriano “Rev. José Manoel da Conceição” inicia suas atividades como uma extensão do Seminário de Campinas. Justas homenagens a um dos principais pastores da Igreja Presbiteriana do Brasil. ________________________________________ [1] O Diário de Simonton (1852-1866), (São Paulo: 2ª. ed, Editora Cultura Cristã, 2002), p. 125. [2] Boanerges Ribeiro, José Manoel da Conceição e a Reforma Evangélica, (São Paulo: O Semeador, 1995), p.33. [3] Relatório do Rev. José Manoel da Conceição ao Presbitério do Rio de Janeiro 10 de julho de 1866. Home > Evangélico Tamanho da letra: Folha Sertaneja - Paulo Afonso - BA 13/10/2012 - 01:18 I. A Igreja Presbiteriana de Paulo Afonso - 63 anos de história. A festa continua neste final de semana Dias 13 e 14/10 pastor Carlos Henrique, do Recife discorrerá sobre a Reforma Protestante. Foto: Antônio Galdino A partir da direita: Pastor Juan Carlos, Pr. Paulo Brasil, e os presbíteros Carlinhos, Paulo Alves, Ivan e Wilson Dorta. Igreja Presbiteriana – da origem aos nossos dias A história da Igreja Presbiteriana tem suas origens no século dezesseis, quando Martinho Lutero lançou suas 95 teses, em 31 de outubro de 1517, questionando atitudes e ações seculares desenvolvidas pela Igreja Católica naqueles tempos. Os questionamentos de Lutero, na Alemanha, mereceram estudos na Suiça, por Ulrich Zwinglio e João Calvino, francês que se estabeleceu em Genebra e na Escócia, e que chegou a escrever ao Rei Eduardo VI, da Inglaterra, que era protestante, encorajando-o nas suas reformas e por John Knox, este, considerado o Patriarca do Presbiterianismo. Durante muitos séculos a Igreja exerceu grande poder sobre o Estado. Em 1559 John Knox deixou Genebra, na Suíça onde estava refugiado e estudava com Calvino e voltou à Escócia. Em 1960, o Parlamento escocês aboliu o catolicismo, adotou a fé reformada no país e criou a Igreja Nacional Presbiteriana. O presbiterianismo saiu das Ilhas Britânicas para a América do Norte onde foi criada a Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos. O primeiro presbitério foi criado em 1706 e o primeiro sínodo em 1717. No século XIX, a escravidão e a guerra civil americana levaram os presbiterianos a se dividirem em duas grandes igrejas: a do Norte e a do Sul. Dos Estados Unidos da América o presbiterianismo se expandiu para várias partes do mundo, chegando ao Brasil em 1859. Foi da Igreja Presbiteriana do Norte dos Estados Unidos que veio ao Brasil o jovem missionário Ashbel Green Simonton. Ele chegou ao Rio de Janeiro, no dia 12 de agosto de 1859 para fundar a Igreja Presbiteriana do Brasil. Dez anos depois, em 1869, foram os missionários George Nash Morton e Edward Lane, da Igreja Presbiteriana do Sul dos Estados Unidos que aportaram no Brasil. Estabeleceram-se em Campinas/SP mas decidiram realizar seu trabalho missionário na Região Nordeste do Brasil. A Igreja Presbiteriana de Paulo Afonso, nascida em 1949, tem sua origem na Missão Presbiteriana do Norte, sediada em Recife, Pernambuco. O nome Igreja Presbiteriana vem da forma como ela é administrada, através de presbíteros eleitos pelas comunidades locais formando um Conselho, a base local de outros concílios superiores que são os Presbitérios, os Sínodos e o Supremo Concílio. Quanto à teologia “a Igreja Presbiteriana do Brasil é herdeira do pensamento do reformador João Calvino e das notáveis formulações confessionais – confissões de fé e catecismo – elaborados pelos reformadores nos séculos dezesseis (XVI) e dezessete (XVII), como os documentos produzidos pela Assembleia de Westminster, reunida em Londres na década de 1640, que são a Confissão de Fé de Westminster e os catecismos Maior e Breve, adotados oficialmente pela Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB). Quanto ao culto, ele deve seguir as normas contidas na Escritura, não sendo aceitas as práticas proibidas ou não sancionadas por ela. O culto presbiteriano caracteriza-se por uma ênfase teocêntrica, a centralidade do Deus triúno, simplicidade, reverência, hinos com conteúdo bíblico e pregação expositiva. Para administrar as várias ações da igreja, a Igreja Presbiteriana do Brasil, nas igrejas espalhadas em todo território nacional, são criados departamentos com atuação específica em sua área. Assim, funcionam, de forma harmônica: UCP – União de Crianças Presbiterianas UPA – União Presbiteriana de Adolescentes UMP – União de Mocidade Presbiteriana UPH – União Presbiteriana de Homens SAF – Sociedade Auxiliadora Feminina EBD – Escola Bíblica Dominical ML – Ministério de Louvor Secretaria de Missões Conselho de Presbíteros e a Diaconia A Igreja Presbiteriana de Paulo Afonso - 63 anos de história Foto: Antônio Galdino A 1ª IPPA em fests - 63 anos - transmissão pela net O nascimento da Igreja Presbiteriana de Paulo Afonso está associado ao início de construção das usinas hidro elétricas da Chesf nas margens das cachoeiras de Paulo Afonso. Entre os trabalhadores nordestinos que chegavam para trabalhar nesta grande obra, estavam os evangélicos que se reuniam precariamente, até embaixo de árvores para estudar a Palavra de Deus, entoar hinos, estarem juntos como irmãos que professavam a mesma fé. Todos sentiam a falta de uma liderança. Buscaram o apoio da Missão Presbiteriana do Norte, estabelecida no Recife e em 6 de agosto de 1949 recebem a visita do Pastor José Martins Ferreira vindo da cidade de Pesqueira, Pernambuco para organizar a Congregação Presbiteriana de Paulo Afonso. Foto: Antônio Galdino Ministério de Louvor da 1ª IPPA Foi organizada a primeira diretoria, a Escola Bíblica Dominical, o cronograma dos cultos e o pastor José Martins ficou visitando a congregação, periodicamente, durante três anos e meio, quando fez 22 viagens a Paulo Afonso “em cima de um caminhão”, percorrendo quase 300 quilômetros de estradas de terra entre Pesqueira e Paulo Afonso. Entre o grupo pioneiro, fundador do trabalho presbiteriano de Paulo Afonso, estava a Sra. Josefa Azevedo que permaneceu sempre atuante na 1ª Igreja Presbiteriana de Paulo Afonso, dirigindo a EBD, na SAF, no Coral, por 56 anos, até o seu falecimento em março de 2005. divulgação Pastor José Martins Ferreira, pioneiro da Congregação Presbiteriana de Paulo Afonso O trabalho pastoral pioneiro do Reverendo José Martins Ferreira foi continuado por vários outros pastores o que fez nascer outras igrejas e pontos de pregação como a Segunda Igreja Presbiteriana de Paulo Afonso, no Bairro Centenário, a Igreja Presbiteriana de Itaparica, em Jatobá, Pernambuco, a Congregação Presbiteriana do Bairro Tancredo Neves, o ponto de pregação e acampamento do Povoado Torquato, em Glória, Bahia, a congregação presbiteriana em Glória, Bahia, colheita das sementes plantadas, ao longo de sua história, pelos seus sucessores, pastores Moisés Peixoto, Hercílio Araújo, Marcelo Tito, Campos Sales, Ijon Câmara, José Maria Passos, Osmar Oliveira, José Maria de Araújo, Célio Miguel, Edson Dantas, Cornélio Beserra, Ricardo Davis, Abrahão Romão e Juan Carlos, seu atual pastor. divulgação Lançamento do livro com a história da 1ª IPPA, em 06/08/2011 (um ano atrás) Em Agosto de 2011, a Igreja Presbiteriana de Paulo Afonso viu sua história resgatada no livro Igreja Presbiteriana de Paulo Afonso, 62 de história às margens do rio São Fancisco, de autoria do presbítero Antônio Galdino da Silva que ali chegou em 1965. Ao longo destes anos a IPPA tem realizado profícuo trabalho na região, com a criação da IP de Itaparica, a 2ª IP de Paulo Afonso, Congregações no Bairro Tancredo Neves e na cidade de Glória, Acampamento e Ponto de Pregação no Torquato, também em Glória/BA, esta igreja tem sido um marco e referência entre as instituições evangélicas neste município. Em seu aniversário de 63 anos, comemorado no dia 30 de setembro, a igreja trouxe como preletor o renomado pastor Paulo Brasil, do Seminário Presbiteriano do Norte, do Recife. Foto: Antônio Galdino Pastor Paulo Brasil Na oportunidade, a 1ª IPPA, inaugurava mais uma forma de “levar o evangelho a toda criatura”, com a transmissão do culto através da internet num trabalho pioneiro na igreja, realizado bacharel Administração e Sistema de Informação, Éverton, membro da 1ª Igreja Presbiteriana de Paulo Afonso. Essa transmissão deverá ser realizada em outros cultos. No final de semana, dias 13 e 14 de outubro acontecerão grandes cultos com o tema Reforma Protestante, com a participação do pastor Carlos Henrique. O atual pastor da 1ª IPPA é o reverendo Juan Carlos Pantaleão. Foto: Antônio Galdino Pastor Juan Carlos Pantaleão - 1ª Ig. Presbiteriana de Paulo Afonso HISTÓRIA DA IPJG texto original de Julio Andrade Ferreira adaptado e atualizado por Josias Martins Jr última atualização: 19/10/2007 (Veja também: Herdando a Reforma - Da Missão de Genebra ao Brasil até a IPJG) A Igreja Presbiteriana do Jardim Guanabara surgiu por volta de 1950 de modo informal, com uma Escola Dominical criada pelo primeiro dentre os pastores que tivemos, o Rev. Philip Landes. A Escola Dominical funcionava aos domingos às 3 horas da tarde no prédio do Seminário Presbiteriano, onde ele era professor. Em 1952, o Rev.Julio Andrade Ferreira transferiu-se para o bairro e começou a colaborar no trabalho em substituição ao Rev.Landes, então impedido por outros compromissos. Em 1956 passou-se a ter Escola Dominical aos domingos pela manhã e cultos à noite com celebração da santa ceia do Senhor, sempre no prédio do Seminário Presbiteriano do Sul. Rev. Philip Landes Rev. Julio Andrade Ferreira Clique na foto para ampliar E a nova igreja veio... Composta por diversas famílias fundadoras, surgiu a Igreja Presbiteriana do Jardim Guanabara (nome sugerido pelo Rev. Dr. Waldyr Luz). Rev. Waldir Luz A 22 de fevereiro de 1959, às 15 horas, foram eleitos em Assembléia Geral os primeiros presbíteros da IPJG bem como os primeiros diáconos, com o Rev. Júlio à frente do rebanho enquanto não se conseguia um pastor em tempo integral. Clique aqui para ir para a página IPJG-1959 Foi convidado o seminarista Joás Dias de Araújo para cuidar do boletim da igreja e outros afazeres. Na foto ao lado de sua futura esposa Josefina Homem de Mello A 17 de maio, com os estatutos aprovados, já se falava na aquisição de um terreno ! A organização da SAF aconteceu no dia 23 de maio de 1958, em uma das salas do Seminário Presbiteriano de Campinas, com a presença de 23 senhoras, sob a orientação do Rev. Marcelino Pires Carvalho, co-pastor da Igreja Presbiteriana de Campinas. Algumas das fundadoras foram: Helena Homem de Mello, Amélia Luz e Célia Kerr. O primeiro pastor na fase formal da IPJG foi o Rev. Ari Barbosa Martins (1959 - 1963). Em 1962 foi adquirido o terreno da Rua Barbosa da Cunha onde seria erguido o templo. Em 1963 éramos 200 membros. A obra se iniciou pelo salão social visto ao fundo e contou com o trabalho voluntário de mutirão de vários membros, entre eles Johnny Meyer visto na foto ao lado de pá na mão. Enquanto isso os cultos continuavam sendo feitos no seminário. Em 1964 foi adquirida a casa Pastoral da Rua Clóvis Beviláqua. Ainda em 1964 o Presbitério de Campinas designou o Rev. Armando Amorin para pastorear esta igreja e para providenciar a eleição de um pastor efetivo. (1964 - 1965). Rev. Armando Amorin A assembléia elegeu a 14/11/1965 o Rev. Joás Dias de Araujo, que ao chegar da Venezuela se surpeendeu com a notícia. clique na foto para ampliar Com ofertas e empréstimos dos membros da IPJG e da Community Church, construiu-se o templo. O DIA DA PASSAGEM Último culto no seminário. (29 de setembro de 1968). Entre outros, ve-se na foto o Rev.Odair Olivetti (o segundo da esquerda para a direita), Dr Eduardo Lane ao centro, Rev Waldir Luz, Rev. Ari Barbosa Martins, Rev. Julio Andrade Ferreira (o último à direita), Ana Maria Coelho ao órgão e o Rev. Joás. clique na foto para ampliar O Culto foi intencionalmente interrompido no seminário para que os membros pudessem se deslocar até o novo templo. (Naquele tempo ainda se podia confraternizar em plena Av. Brasil sem grandes preocupações com o trânsito...) clique na foto para ampliar Nesse dia 29 de setembro de 1968, o Rev Joás liderou à pé a caminhada de todos os crentes, membros e visitantes no percurso desde o Seminário até o nr. 562 da Rua Barbosa da Cunha, local do novo templo. Este dia ficou consagrado na história de nossa igreja como o DIA DA PASSAGEM, quando nos despedimos do Seminário e nos instalamos em nosso próprio templo embora ainda sem acabamento. clique na foto para ampliar Sorrisos nos rostos revelavam a alegria pela etapa vencida com a benção de Deus. A foto mostra os instantes que antecederam o primeiro culto na nova sede em 29/9/1968. Inicialmente os cultos eram feitos no Salão Social enquanto se fazia o acabamento na nave. Alguns anos depois, inaugura-se a nave. Na foto vê-se o Rev. Júlio Andrade Ferreira abrindo simbolicamente a porta do novo templo. clique na foto para ampliar Daí em diante, a IPJG, com espírito missionário fundou várias congregações e pontos de pregação, o que exigiu que a partir de 1979 os pastores efetivos contassem com a ajuda de pastores auxiliares, e a igreja não parou mais de crescer para a glória do Senhor. ________________________________________ Pastores da IPJG ao longo de sua história: (clique no nome do pastor para ver sua foto) * Rev. Philipe Landes ( na fase embrionária da IPJG ). * Rev. Júlio Andrade Ferreira (Desde jubilado, o Rev. Júlio Andrade Ferreira atuou como Pastor Emérito na IPJG até 11/10/2001 quando o Senhor o chamou). * Rev. Ari Barbosa Martins (pastoreou de 1959 a 1963). * Rev. Armando Amorin. * Rev. Joás Dias de Araujo auxíliado pelo Rev. Júlio Andrade Ferreira e pelo Rev. Lysias Garcia da Costa Jr. * Rev. Lysias Garcia da Costa Jr auxiliado pelo Rev. Naor Villasboas * Rev. Naor Vilas Boas (de 1982 a 1989) auxiliado pelo Rev. Nodan Emerick Lourenço. * Rev. Nodan Emerick Lourenço (Pastor Titular da IPJG de 1990 até 1996) auxiliados pelos Rev. Jupiaci Carneiro Gomes e Rev. Donald B. Monteiro. Após a saída dos Rev. Jupiaci e do Rev. Donaldo, o auxiliar passou a ser o Rev. Edson Elias de Oliveira. Após a saída deste, o pastor auxiliar passou a ser o Rev. Geziel Antônio dos Santos. * Rev. Fernando Teixeira Arantes (efetivo desde 1996) foi auxiliado pelos pastores Rev. Besaliel Fausto Botelho e Rev. Geziel Antônio dos Santos até o final de 2002. Atualmente conta com o auxílio do licenciado Sebastião Godoi Boeira Jr. e a colaboração fraterna dos pastores Rev. Besaliel Fausto Botelho, Rev. João Leonel e Rev. Oscar Ihms de Faria. (Clique aqui para retornar ao texto) ________________________________________ Os primeiros presbíteros da IPJG: (1959) Dr. Gastão Homem de Mello, Dr.Neander de Campos Kerr, Sr. Hélio Ferreira e Sr. Oscar Grum dos Santos. (Clique aqui para retornar ao texto ) ________________________________________ Os primeiros diáconos da IPJG: (1959) Sr. Adonias Fernandes de Souza, Sr. José Ovídio de Almeida, e Sr. Avelar Boaventura. ( Clique aqui para retornar ao texto ) ________________________________________ Famílias fundadoras (entre outras): Família do Dr. Gastão Homem de Mello (membro nr. 1 do livro de atas), do Dr. Neander Kerr, do Dr. John Sydenstricker, do Sr. Adonias Fernandes de Souza, do Sr. Hélio Alves Ferreira, família do Sr. Avelar Boaventura, do Dr. Waldyr Luz, família de D. Enydia Moinhos, do Sr. Joaquim Vinagre, do Sr. Messias Cruz, do Sr. Apolônio Cavalcanti, família do Sr. Geraldino Pontes, do Sr. Luiz Benatti, do Sr. José Ovídio de Almeida, de D. Jacy Sbraggia Muniz, do Sr. Oscar Grum dos Santos, do Sr. Abílio Coelho, do Sr. Ângelo Alegretti, de D. Benedita Marques, de D. Leda Macedo Silva, do Sr. João Fernandes, do Dr. Antônio Mendes de Carvalho, além da D.Alzira Ferreira, D. Aurora Kerr, D.Isabel da Dores de Jesus, D. Georgina Richter Hoffman, D. Ignez Goulart, Srta Alice Miranda. ( clique aqui para retornar ao texto ). ________________________________________ Referência bibliográfica: FERREIRA, Júlio Andrade. Uma Igreja nascente e crescente. Campinas : IPJG, [1979] ( Obra disponível na Biblioteca - IPJG ) Rev. Issac Gonçalves de Mello rev. Francidco Lotufo rev. Epaminondas Mello do Amaral
História de João Calvino e Michael Servetus
Quero fazer um “parênteses” em nossas reflexões e estudos teológicos, e contar uma triste, mas importante, história aos nossos leitores. Fatos que não devem ser jamais repetidos, e que muitos pensam que, nos dias atuais, estamos imunes, livres de radicalismo “cristão”, por crer que prevenir é sempre uma boa medida, postarei, narrações de fatos que ocorreram ao longo da história da Igreja Cristã.
Um dos capítulos mais obscuros da época reforma protestante, século XVI, foi o episódio ocorrido entre o reformador João Calvino e Michael Servetus. Este, um homem de ensinos bíblicos distorcidos, entre eles negava a doutrina da trindade, e que foi condenado à morte por isto, e por desafiar teologicamente (tecendo comentários a respeito das Institutas da Religião Cristã) a João Calvino.
Interessante é que João Calvino foi considerado por muitos em sua época, e posteriormente, inclusive por este autor, como alguém de ensinos contrários as Escrituras, mas a sua influência política em Genebra o ajudou a expulsar seus opositores da cidade.
A narrativa abaixo expressa, com riqueza de fontes, que a igreja protestante “Reformada”, em Genebra e em toda Europa, liderada por Calvino e Theodor de Beza, também condenava homens à fogueira e ao afogamento, e pior, tal postura não causava qualquer espanto.
(o Rio Danúbio foi o lugar do afogamento daqueles que se negavam batizar seus filhos recém-nascidos, movimento que foi chamado de anabatista, que significa “rebatismo”, uma vez que criam que o batismo Cristão genuíno deveria seguir a conversão, ao arrependimento, e não anterior a estes).
Não vejo porque ocultar isto de alguém, ou não tratar a questão, se a Bíblia não esconde os erros, por exemplo, de Abraão, Sansão, Jacó, Davi…
O texto não é nosso, mas espero que seja útil e gostem.
Graça e Paz.
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Do Livro de Laurance M. Vance, “O Outro Lado do Calvinismo”.
Calvino e Servetus
O assunto de uma teocracia igreja-estado em Genebra e a intolerância que veio com ela nos levou ao que tem sido chamado “o capítulo negro na história de Calvino, que tem obscurecido seu nome íntegro, e o tem exposto, não injustamente, à acusação de intolerância e perseguição.”[1] Esta mancha na história de Calvino tem sido deturpada e calvinistas zelosos dão satisfações para proteger sua reputação. Warfield insiste que “Calvino possuía pouca influência no tribunal que condenou e executou Servetus.”[2] Henry Cole, o tradutor de duas das obras teológicas de Calvino, sustenta que “Calvino éfalsamente dito ter sido o conselheiro proeminente” no caso da morte de Servetus.[3]
Kuyper acusa que “a história tem sido culpada da enorme injustiça de expor esta execução de Servetus na fogueira.”[4] Philip Hughes argumenta que “Servetus não foi queimado por Calvino, que não tinha nenhuma autoridade para pronunciar, ou até para votar, tal sentença.”[5] Alister McGrath lamenta que Calvino tem sido isolado enquanto as “maiores alegações de infâmia de outros indivíduos e instituições” têm sido deixadas de lado.[6] Não há necessidade de dizer mas a veracidade destas declarações resta ser provada.
Michaelem Serveto, conhecido por nós como Michael Servetus, nasceu em 1509 ou 1511,[7] em Villanueva, em Aragon, Espanha. Conseqüentemente, ele era praticamente da mesma idade que Calvino e, como ele, foi criado como um católico romano. Foi educado na Universidade de Saragossa, e mais tarde estudou Direito na Universidade de Toulouse.[8] Embora Servetus foi por vários anos empregado de Juan Quintana, o confidente do Sacro Imperador Romano Charles V,[9] ele se apresentou na protestante Basel em 1530, onde encontrou o reformador John Ecolampádio.[10] Aqui ele publicou dois ataques à Trindade, Seven Books on Errors about the Trinity, em 1531, e Two Books of Dialogues on the Trinity, em 1532.[11]
Depois que seus livros foram julgados heréticos, Servetus assumiu o nome de Michel de Villeneuve e foi para Paris estudar matemática, geografia e medicina.[12] De Paris ele se transferiu para Lyons e editou uma edição da Geography de Ptolomeu e escreveu alguns tratados sobre medicina e astrologia.[13]Servetus retornou para Paris em 1536, se formou em medicina, e dava palestras na universidade sobre geografia e astrologia.[14] Aqui ele publicou mais duas obras: um estudo sobre o uso de xaropes na medicina, em 1537, e uma obra sobre astrologia, Apologetic Dissertation on Astrology, em 1538.[15]Foi aqui que ele também descobriu a circulação do sangue pulmonar, anos antes de William Harvey (1578-1658).[16]
Após os conflitos em Paris acerca de seus ensinos sobre astrologia, Servetus deixou Paris para praticar medicina e, algum tempo depois de 1540, acabou em Vienne, um subúrbio de Lyons.[17] Aqui ele tanto praticou medicina quanto editou livros. Uma segunda edição da Geography de Ptolomeu apareceu em 1541, uma edição da Bíblia Latina de Pagnini em 1542, e uma edição em sete volumes da Bíblia.[18] Obviamente, Servetus era muito culto e extremamente inteligente. Schaff conta que ele conhecia seis línguas.[19]
Servetus devia passar treze anos em Vienne. Por causa de suas crescentes opiniões religiosas não-ortodoxas, ele viveu a vida de um católico romano, assistindo à missa e editando uma edição de Tomás de Aquino em espanhol.[20] De vendedor de livros em Lyons, Servetus começou a trocar correspondências com Calvino. Ele enviou a Calvino um manuscrito de um livro em que ele estava trabalhando e o bombardeou com perguntas.[21] Calvino, respondendo que não tinha tempo para escrever livros inteiros em resposta a ele, mandou a Servetus uma cópia de suas Institutas.[22]
Por sua vez, ele retornou as Institutas para Calvino com anotações críticas nas margens, das quais Calvino comentou que dificilmente havia uma página “que não estivesse poluída por seu vômito.”[23]Em 1553 Servetus publicou sua resposta às Institutas de Calvino. Foi chamada de Christianismi Restitutio (A Restauração do Cristianismo), e incluía trinta cartas de Servetus a Calvino.[24] Depois que uma cópia do livro alcançou Geneva, um amigo de Calvino, Guillaume de Trie, escreveu a seu primo católico em Lyons sobre Servetus:
O homem de quem falo foi condenado por todas as igrejas que você reprova, contudo você o tolera e até o deixa imprimir seus livros que estão repletos de blasfêmias que eu nem preciso dizer mais. Ele é um espanhol-português, chamado Michael Servetus. Esse é seu verdadeiro nome, mas atualmente ele atende pelo nome de Villeneuve e pratica medicina. Ele morou algum tempo em Lyons. Agora ele está em Vienne onde seu livro foi impresso por um certo Balthazar Arnoullet, e a fim de que você não pense que estou falando sem dar garantias, estou mandando a você o primeiro fólio.[25]
Isto colocou Servetus em problemas com as autoridades católicas romanas e ele foi preso em 4 de abril. Entretanto, no dia 7 de abril ele escapou e os católicos tiveram que se contentar em queimá-lo em efígie.[26] A sentença de Servetus foi: “Ser queimado vivo em um fogo lento até que seu corpo vire cinzas. Para o presente, a sentença deve ser executada em efígie e seus livros queimados.”[27] Após sua fuga de Vienne, Servetus estupidamente foi para Genebra e se mostrou na igreja em 13 de agosto – um domingo quando Calvino estava pregando – e foi imediatamente preso.[28] Após um julgamento em que Calvino desempenhou um papel, Servetus foi executado em 27 de outubro de 1553. A sentença desta vez foi:
Nós o condenamos, Michael Servetus, a ser detido, e levado ao local de Champel, para ser amarrado a uma estaca e queimado vivo, junto com seus livros, tanto os escritos por sua própria mão quanto os impressos, até que seu corpo seja reduzido a cinzas; e dessa forma você acabará seus dias para servir de exemplo a outros que possam querer praticar o mesmo.[29]
Suas últimas palavras foram: “Ó Jesus, Filho do Eterno Deus, tenha piedade de mim!”[30] É verdadeiramente irônico que Servetus foi queimado em efígie pelos católicos e de fato pelos protestantes.
Visto que Servetus não foi queimado na estaca por imoralidade, sedição, ou qualquer outro crime contra o estado, mas, antes, por manter opiniões teológicas que foram julgadas heréticas, uma rápida olhada em suas concepções teológicas está a caminho. Embora ele considerasse a Bíblia como a palavra de Deus, em cada um dos seus princípios religiosos ele tem uma mistura de verdade e erro.[31] As principais acusações contra ele eram por manter opiniões heréticas sobre a Trindade e o batismo infantil.[32] Os católicos, entretanto, tinham algo mais contra ele, pois ele chamou o Papa: “A mais desprezível de todas as bestas, a mais descaracada das prostitutas!”[33] Para ele a missa era uma monstruosidade satânica e uma invenção de demônios.[34] Além disso, ele comparou o Papa ao anticristo e ao dragão de sete cabeças em Apocalipse.[35] Sobre a Trindade, Servetus não era um unitariano, mas tinha uma concepção estranha da Trindade, em uma grande medida, peculiar a si mesmo. Ele se refere aos trinitarianos como “tri-teístas” e “ateístas,”[36] e comparava a Trindade com Cérbero, o cão de três cabeças da mitologia grega, que guardava a entrada para o submundo.[37] Ele alegava crer na verdadeira Trindade.[38]
Mas, embora sua concepção da Trindade seja mais parecida com o Sabelianismo,[39] Williston Walker (1860-1922) sugere que toda a controvérsia doutrinária é resumida na distinção entre as frases “Filho eterno de Deus” e “Filho do eterno Deus.”[40] Sobre o batismo, Servetus considerava o batismo infantil como uma “invenção diabólica e uma falsidade infernal destrutiva do Cristianismo.”[41] Todavia, ele ainda defendia a regeneração batismal, ele somente cria que devia ser precedido pelo arrependimento e experimentado quando alguém atingisse a idade de trinta anos.[42]
Ele até escreveu duas cartas a Calvino sobre o batismo adulto e o exortou a seguir seu exemplo.[43]Quanto a algumas outras doutrinas, Servetus da mesma forma mantinha uma mistura de verdade e erro. Ele apoiou o reino premilenar de Cristo mas interpretava o livro de Apocalipse historicamente.[44]Ele negava a doutrina da predestinação de Calvino mas colocava ênfase na necessidade de boas obras.[45]
Agora, embora as concepções teológicas de Servetus não foram ortodoxas, elas não eram de forma alguma criminosas, mas é por isso que ele foi queimado: por opiniões mentais, não ações físicas. Mas a ironia das ironias é que embora ele nunca foi julgado como Servetus, o próprio Calvino foi também várias vezes acusado de heresia. Durante sua primeira estada em Genebra, ele foi acusado de ser ariano, especialmente quando ele se recusou a assentir com o Credo Atanasiano.[46] E mais tarde, em 1543 e 1544, Calvino foi novamente acusado de manter concepções não-ortodoxas da Trindade e a deidade de Cristo.[47]
O fato de Calvino mesmo, fisicamente, não ter queimado Servetus não significa que ele não foi responsável. Sete anos antes, Calvino escreveu uma carta a Farel em que ele declarou:
Servetus recentemente me escreveu, e anexou em sua carta um longo volume dos seus delírios, cheio de ostentação, para que eu devesse ver algo espantoso e desconhecido. Ele faz isto para se aproximar, caso seja de meu acordo. Mas eu estou indisposto a dar minha palavra em favor de sua segurança, pois se ele vier, eu nunca o deixarei escapar vivo se a minha autoridade tiver peso.[48]
E ainda que Servetus veementemente afirmou, e Calvino igualmente negou, a acusação de que a carta original do amigo de Calvino em Genebra a seu primo católico em Lyons era obra do próprio Calvino, os historiadores estão divididos quanto à cumplicidade de Calvino.[49] Não há dúvida, entretanto, que Calvino entregou as cartas que Servetus escreveu para ele, assim como páginas de suas Institutas nas quais Servetus tinha escrito notas marginais contra o batismo infantil, para provar a identidade de Servetus às autoridades em Vienne.[50] Estas foram fornecidas através do amigo de Calvino, que escreveu novamente a seu primo:
O resto está todo aqui, o grande livro e os outros escritos do mesmo autor, mas eu posso dizer a você que eu não tive dificuldade para conseguir de Calvino o que estou enviando. Não que ele não queira reprimir tais execráveis blasfêmias, mas ele acredita que seu dever é antes convencer os heréticos com a doutrina do que com outros meios, pois ele não emprega a espada da justiça. Mas eu protestei com ele e apontei a posição embaraçosa em que eu deveria ser colocado se ele não me ajudasse, para que no final ele me desse o que você vê. Para o resto eu espero mais tarde, quando o caso estiver mais avançado, para obter de você toda uma resma de papel, que o patife imprimiu, mas eu acho que, pelo presente, você já tem o suficiente.[51]
Tudo isto foi feito antes de Servetus sequer chegar em Genebra.
O relato da prisão de Servetus já foi mencionado. O que precisa ser acrescentado, entretanto, é que o próprio Calvino foi responsável pela prisão de Servetus. Beza admite que foi por causa da informação de Calvino aos magistrados que Servetus foi colocado na prisão,[52] cujo fato Calvino não nega, como pode ser visto pelas cartas que ele escreveu durante o julgamento. Para Farel ele escreveu: “Temos agora um novo caso sob consideração com Servetus. Ele pretendeu talvez passar por esta cidade; pois ainda não é sabido a intenção dele ter vindo. Mas depois que ele foi reconhecido, eu pensei que ele deveria ser detido.”[53]
Algumas semanas mais tarde, Calvino escreveu a um amigo em Basel: “Finalmente, em uma má hora, ele veio a este lugar, quando, por mim instigado, um dos procuradores ordenou-o a ser conduzido para a prisão; pois eu não escondo que eu considerei meu dever dar um basta, tanto quanto podia, neste mais obstinado e indisciplinado homem, para que sua influência não possa mais espalhar.”[54] Quanto a por que McGrath chama Calvino de “um indireto primeiro preferente de acusações,”[55]
Francois Wendel (1905-1972) aponta: “A lei genebrina prescrevia que todo acusador deve se entregar como prisioneiro pelo período do processo que ele estava iniciando, para que ele próprio possa sofrer uma pena apropriada se o acusado for julgado inocente.”[56] Então, o amigo de Calvino, Nicolas de la Fontaine, foi detido no lugar de Calvino.[57] O julgamento durou mais de dois meses e o próprio Calvino redigiu um documento de trinta e oito acusações contra Servetus.[58]
Cinco dias em julgamento, Calvino escreveu para Farel: “Eu espero que o veredito seja pena de morte.”[59] McGrath nos informa que “o julgamento, condenação, e execução (incluindo a escolha do modo particular de execução) de Servetus foram inteiramente ocupação do conselho da cidade, em um período em sua história quando era particularmente hostil a Calvino.”[60] E embora ele mais adiante admite que Calvino serviu como um “hábil testemunho teológico,” McGrath insiste que tal testemunho “poderia ter vindo de qualquer teólogo ortodoxo da época, se protestante ou católico romano.”[61]
Mas isto é irrelevante, pois Calvino, que devia ter sabido melhor, é o único que servia como a “principal testemunha para a perseguição.”[62] Calvino pleiteou a pena de morte tendo como base um verso da lei mosaica: “E aquele que blasfemar o nome do Senhor, certamente será morto; toda a congregação certamente o apedrejará. Tanto o estrangeiro como o natural, que blasfemar o nome do Senhor, será morto” (Lv 24.16).[63]
Também sabemos que Calvino ainda estava triste com Servetus por ele ter faltado um encontro com ele em Paris anos antes, pois Calvino o mencionou quando recontou sua última entrevista com Servetus: “Eu o fiz lembrar amavelmente como eu tinha arriscado minha vida mais de 16 anos atrás para ganhá-lo para nosso Salvador.”[64] É interessante notar que durante o julgamento Servetus escreveu uma lista de questões para perguntar a Calvino. A sexta questão era: “Se ele não sabia bem que não é o ofício de um ministro do evangelho fazer uma acusação máxima e perseguir um homem na justiça para a morte?”[65]
Não foi somente antes do julgamento e durante o julgamento que Calvino expressou sua esperança pela morte de Servetus, mas depois do julgamento também. No período de seis meses da condenação de Servetus, Calvino escreveu um livro defendendo suas ações. Em sua Defense of the Orthodox Trinity Against the Errors of Michael Servetus, Calvino defendeu o uso da força civil para executar “heréticos” religiosos e mantinha que “quem quer que agora argumentar que é injusto colocar heréticos e blasfemadores à morte, consciente e condescentemente incorrerá em sua mesma culpa.”[66]
Schaff corretamente reflete que os argumentos de Calvino “são principalmente tirados das leis judaicas contra a idolatria e a blasfêmia, e dos exemplos dos reis piedosos de Israel. Mas careciam de argumentos do Novo Testamento.”[67] Depois que ele escreveu contra os erros de Servetus, Calvino escreveu para Bullinger e lamentou: “Outros falam com maior aspereza, dizendo que eu sou, de fato, um mestre da crueldade e atrocidade – que eu agora mutilo com minha caneta o homem morto que pereceu em minhas mãos.”[68]
Em uma carta de 1561, de Calvino para o marquês de Poet, camareiro superior para o Rei de Navarre, ele diz intolerantemente: “Honra, glória, e riquezas será a recompensa de suas dores: mas acima de tudo, não deixe de livrar o país daqueles zelosos patifes que incitam o povo para se revoltar contra nós. Tais monstros devem ser exterminados, como exterminei Michael Servetus o espanhol.”[69] Nove anos depois, Calvino ainda justificava suas ações: “E que crime cometi, se nosso Conselho, por meio de minha exortação, de fato, mas em conformidade com a opinião de várias igrejas, vingou suas execráveis blasfêmias?”[70] Todas as justificativas de Calvino para a morte de Servetus foram notavelmente defensivas.
Tem sido corretamente apontado por todo calvinista que tem escrito sobre o assunto que Calvino favoreceu a espada ao invés de ser queimado na estaca,[71] embora Clark vai aos extremos ao tentar justificar seu mentor: “A história de que ele queria que Servetus fosse queimado na estaca é uma invenção dos inimigos de Calvino. Ao menos duas vezes em seus escritos Calvino recorre aos juízes de Servetus como testemunhas de que ele solicitou que Servetus não fosse queimado.”[72]Novamente, isto é certamente verdade. As passagens em questão podem ser encontradas em duas das cartas de Calvino a Farel:
Eu espero que ele obtenha, pelo menos, a sentença de morte; mas eu desejo que a severidade da punição possa ser mitigada.[73]
Ele será levado à punição amanhã. Tentamos alterar o modo de sua morte, mas em vão. Por que não obtemos sucesso, eu adio para o relato até ver você.[74]
Entretanto, a razão para isto era que Calvino queria que Servetus fosse executado como um transgressor contra o Estado. Hughes, buscando exonerar Calvino, nos informa que “a pena de morte foi imposta pelas autoridades civis.”[75] Entretanto, o historiador Leonard Verduin, escrevendo para a Calvin Foundation, explica por que: “Calvino queria que Servetus fosse eliminado como um transgressor contra a ordem civil.
Morte na fogueira era para os transgressores na área de religião. Por isso a preocupação de Calvino com o caso.”[76] Verduin mais adiante comenta sobre o “pedido de clemência” de Calvino:
Alguns têm tentado fazer algo do fato que, no fim do julgamento de Servetus, Calvino se esforçou para que o homem fosse destruído de outra maneira que não a fogueira. Entretanto, o fato é que Calvino não se opunha a extermination no caso de Servetus, meramente contra o modo proposto.
Morte na fogueira tinha sido a punição para os heréticos por mais de um milênio, e Calvino, percebendo que a morte por heresia estava se tornando questionável na mente do povo, teria preferido a execução por um meio em que o aspecto da sedição antes que o da heresia do delito do homem fosse salientado. Na mente de Calvino, uma ainda implicava na outra – heresia implicava em sedição.[77]
Se levado a cabo, o pedido de Calvino asseguraria que ele se livraria da culpa pelo feito, mas não provaria que ele estava sendo misericordioso, como alguns dos defensores de Calvino tentam provar.
Apesar dos fatos documentados da história, alguns calvinistas ainda buscam justificar Calvino, como o calvinista Cunningham afirma: “Alguns imprudentes admiradores de Calvino têm tentado isentá-lo da responsabilidade da morte de Servetus.”[78] Isto é feito de várias formas. A primeira é fazendo declarações gerais sobre Calvino e Servetus. McGrath nos informa que “Servetus foi o único indivíduo executado por suas opiniões religiosas em Genebra durante a existência de Calvino, em um tempo quando as execuções desta natureza eram comuns em todos os lugares.”[79]
McNeil argumenta que embora “muitos ficariam felizes em condenar e desprezar Calvino pelo caso de Servetus,” “ninguém deve ser julgado por seus piores atos.”[80] W. Gary Crampton nos recorda que Calvino “até buscou evangelizar o blasfemo Servetus até o dia de sua morte.”[81] Scott vai tão longe a ponto de creditar a Servetus a destruição do Cristianismo europeu caso Servetus não fosse impedido de continuar: “Não restringido, Servetus teria desorganizado tanto a Reforma quanto o Catolicismo, e deixado a Europa desolada nas cinzas de sua fé séculos antes que essa situação fosse na verdade percebida.”[82] Como é evidente pelas observações acima, o caso de Servetus é um grande embaraço aos calvinistas.
A segunda forma de tentar justificar Calvino é fazê-lo um “filho de sua época.”[83] Bratt mantém que “devemos lembrar que Calvino simplesmente refletia as idéias de sua época.”[84] McGrath insiste que Calvino deve ser “contextualizado,” e nos recorda que “todo corpo cristão que traça sua história ao século dezesseis tem sangue abundantemente espalhado sobre suas credenciais.”[85] Wendel defende “que é contrário à uma concepção sadia da história tentar aplicar nosso modo de julgamento e nosso critério moral ao passado.”[86]
McNeil nos conta que a época de Calvino era “uma época de queimar e matar em massa por questões religiosas.”[87] Hughes justifica Calvino porque “era costume daquela época queimar heréticos, e Calvino, na medida em que aprovava o que era feito, estava agindo de acordo com esse costume.”[88]Adiante ele explica que Servetus teria sido executado “ainda que Calvino não tivesse vivido em Genebra.”[89] Mas fazer Calvino um “filho de sua época” naõ é nada senão o mesmo argumento usado pelos calvinistas em sua busca para defender os regulamentos de Calvino em Genebra.
O terceiro meio de justificar Calvino da morte de Servetus é comparando-o com os outros reformadores. Boettner corretamente diz que “os outros reformadores aprovaram esta e outros sentenças de morte contra heréticos.”[90]
Assim, Calvino não estava sozinho em suas opiniões de matar heréticos. Durante o julgamento, o conselho da cidade de Genebra conversou com outras quatro cidades. A resposta foi unânime contra Servetus.[91] Após receber as várias respostas, a sentença foi passada por Genebra: “Vossos Lordes, tendo recebido as opiniões das Igrejas de Berne, Basel, Zurique e Schaffhausen sobre o caso de Servetus, condenou o mencionado Servetus a ser levado a Champey e lá ser queimado vivo.”[92]
Bullinger e Melanchthon também aprovaram a execução. Durante o julgamento de Servetus, Bullinger escreveu a Calvino que “Deus tinha dado ao Conselho de Genebra uma oportunidade mais favorável para defender a verdade contra a profanação da heresia, e a honra de Deus contra a blasfêmia.”[93]Melanchthon escreveu a Bullinger em 1555: “Julgo também que o Senado Genebrino agiu de maneira perfeitamente correta, para colocar um fim neste obstinado homem, que nunca poderia cessar de blasfemar. E eu me admiro com aqueles que desaprovam esta severidade.”[94]
Ele também escreveu a Calvino: “A você também a Igreja deve gratidão no presente momento, e continuará devendo até a última posteridade. Eu perfeitamente consinto com sua opinião. Afirmo também que seus magistrados agiram correto em punir, após um julgamento normal, este blasfemo homem.”[95] Martin Bucer insistiu que “Servetus merecia ser desentranhado e rasgado em pedaços.”[96] Beza escreveu uma palavra especial em defensa da execução: “A punição foi mais merecidamente infligida sobre Servetus em Genebra, não porque ele era um sectário, mas uma combinação monstruosa de mera impiedade e repugnante blasfêmia, com a qual ele tinha por todo o período de trinta anos, pela fala e pela escrita, poluído tanto o céu quanto a terra.”[97] Mas se as opiniões dos outros reformadores não eram bíblicas, então que diferença faz o que eles acreditavam?
Surpreendentemente, a maneira final em que os calvinistas buscam justificar Calvino é comparando-o com os papistas. Para exonerar Calvino, como alguns calvinistas têm concluído, dizendo que Servetus teria sido executado pelos católicos também é dizer que a vida em Genebra sob o Evangelho era a mesma que a vida em um país católico sob o Papa.[98]
De fato, é pior, pois como Schaff diz: “A perseguição merece uma condenação muito mais severa em um país protestante do que em um católico, porque é inconsistente. O Protestantismo deve se manter ou desmoronar com a liberdade de consciência e liberdade de culto.”[99] Ronald Wallace até admite que os católicos não eram perseguidos enquanto se mantinham quietos.[100]
Isto, ainda, condena Calvino. Hughes descarta a execução de Servetus como “apenas uma única gota no oceano de torturas e perseguições e mortes selvagens que os partidários da Reforma estavam sofrendo naqueles dias quando era comum caçar e destruir homens como animais.”[101] Scott lamenta o fato de que “os governantes de Vienne não tinham sido condenados, pelos historiadores ou pelos teólogos, por sentenciar Servetus à morte estando ausente. Seus nomes não estão indissoluvelmente ligados a Servetus nos argumentos contra o Catolicismo.”[102]
Mas por que os católicos deveriam ser condenados mais do que o normal por fazer o que eles já faziam por anos? Roland Bainton nos recorda das raízes históricas das leis que detiveram e condenaram Servetus: “A lei sob a qual Servetus tinha sido primeiro aprisionado era do Sacro Império Romano; a lei pela qual ele foi finalmente condenado era do Códice de Justiniano, que prescreve a pena de morte por duas ofensas eclesiásticas – a negação da Trindade e a repetição do batismo.”[103] Que diferença há, então, entre Calvino e Torquemada (1420-1498) ou os reformadores e a Inquisição?
Calvino deve ser considerado culpado pela morte de Servetus. Dizer que ele “não era mais culpado do que seus concidadãos,”[104] é abjurar os fatos da história. Verduin compactamente resume o caso contra Calvino:
A morte na fogueira de Servetus – que seja dito com a maior claridade – foi um feito pelo qual Calvino deve ser considerado largamente responsável. Não aconteceu apesar de Calvino, como alguns de seus admiradores exageradamente ardentes estão acostumados a dizer. Ele planejou-a antecipadamente e manobrou-a do início ao fim. Ocorreu por causa de Calvino e não apesar dele. Depois de acabado, Calvino defendeu-a, com todos os argumentos possíveis e impossíveis.[105]
O veredito dos historiadores não calvinistas é unânime. O respeitado historiador luterano, John Mosheim (1694-1755), julgou em favor de Servetus.[106] O historiador inglês Gibbon observou: “Eu estou mais profundamente escandalizado pela única execução de Servetus do que pelas matanças que ficaram conhecidas nos Auto da Fès da Espanha e Portugal. O zelo de Calvino parece ter sido envenenado pela maldade pessoal, e talvez inveja.”[107]
E o historiador batista William Jones, embora reconhecendo “muitos pontos de vista doutrinários com Calvino,” todavia disse: “Eu ativamente desaprovo toda tentativa de aliviar a barbaridade da conduta de Calvino.”[108] Mas não é apenas os não calvinistas que têm condenado Calvino, pois até os próprios calvinistas reconhecem sua culpa:
Quando tudo for entendido, os admiradores de Calvino devem olhar sobre isto com vergonha.[109]
Em nosso julgamento Calvino foi culpado de pecado.[110]
Não há dúvida que Calvino antecipadamente, na hora, e depois do acontecimento, explicitamente aprovou e defendeu a execução dele, e assumiu a responsabilidade do procedimento.[111]
Em 1903, alguns arrependidos calvinistas europeus erigiram um monumento a Servetus sobre o qual eles esculpiram:
Em 27 de outubro de 1553, morreu na estaca em Champel, Michael Servetus, de Villeneuve d’Aragon, nascido em 29 de setembro de 1511. Reverentes e agradecidos filhos de Calvino, nosso grande reformador, mas condenando um erro que foi este de sua época, e firmemente aderindo à liberdade de consciência de acordo com os verdadeiros princípios da Reforma e o evangelho, temos erigido este monumento, em 27 de outubro de 1903.[112]
Esta construção sem dúvida ajudou a aplacar os oponentes dos calvinistas, mas aconteceu algumas centenas de anos, tarde demais para ajudar Servetus.
A razão por que tanto papel e tinta tem sido dado à controvérsia entre Calvino e Servetus é a mesma que entre Calvino e Genebra: Supõe-se que Calvino foi um teólogo cristão que baseou todas as suas opiniões na Bíblia apenas. Esta é a alegação que os calvinistas inflexivelmente fazem sobre ele. Como Gregg Singer diz dele: “Não obstante Calvino respeitava muito Agostinho e os outros Pais da Igreja, ele olhou além deles no que tange as Escrituras, que eram, para ele, a regra infalível de fé e prática.”[113]
Por essa razão, a conduta de Calvino na questão de Servetus é inexcusável se o que os calvinistas dizem sobre ele for verdade, pois nenhum calvinista hoje em dia dificilmente defenderia que a perseguição de “heréticos” é bíblica – seja pelo Estado ou pela Igreja.
________________________________________
[1] Schaff, History, vol. 8, p. 687.
[2] Warlfield, Calvin, p. 25.
[3] Henry Cole, nota ao Prefácio Dedicado a Calvino, Eternal Predestination, p. 20.
[4] Kuyper, p. 100.
[5] Philip E. Hughes, Introdução ao The Register of the Company of Pastors of Geneva in the Time of Calvin, p. 243.
[6] McGrath, Calvin, p. 116.
[7] A data é muitas vezes dada como 1509 – ano de nascimento de Calvino.
[8] Schaff, History, vol. 8, p. 713.
[9] Ronald H. Bainton, Hunted Heretic (Boston: The Beacon Press, 1953), p. 16.
[10] Schaff, History, vol. 8, pp. 714-715.
[11] Parker, p. 138.
[12] Schaff, History, vol. 8, p. 720.
[13] Newman, vol. 2, p. 192.
[14] Schaff, History, vol. 8, pp. 723-724.
[15] Ibid., p. 724.
[16] Bainton, Hunted Heretic, p. 118.
[17] Ibid., p. 129.
[18] Ibid.
[19] Schaff, History, vol. 8, p. 787.
[20] Bainton, Hunted Heretic, p. 130.
[21] Schaff, History, vol. 8, pp. 727-728.
[22] Ibid., p. 728.
[23] Calvino, citado em Schaff, History, vol. 8, p. 728.
[24] Schaff, History, vol. 8, p. 730.
[25] Guillaume de Trie, citado em Bainton, Hunted Heretic, p. 153.
[26] Schaff, History, vol. 8, p. 762.
[27] Citado em Parker, p. 143.
[28] Walker, p. 332.
[29] Citado em Schaff, History, vol. 8, p. 782.
[30] Michael Servetus, citado em Bainton, Hunted Heretic, p. 212.
[31] Schaff, History, vol. 8, p. 737.
[32] Ibid., pp. 769-770.
[33] Michael Servetus, citado em Bainton, Hunted Heretics, p. 20.
[34] Schaff, History, vol. 8, p. 753.
[35] Ibid., p. 733.
[36] Michael Servetus, citado em Schaff, History, vol. 8, p. 741.
[37] Schaff, History, vol. 8, p. 742.
[38] Ibid., p. 771.
[39] Bainton, Hunted Heretic, p. 44-45; Schaff, History, vol. 8, p. 742.
[40] Walker, p. 342.
[41] Schaff, History, vol. 8, p. 770.
[42] Ibid., p. 750.
[43] Ibid., p. 725.
[44] Ibid., pp. 754, 756.
[45] Ibid., p. 749.
[46] Steinmetz, p. 12.
[47] De Greef, pp. 61, 62.
[48] Carta de Calvino a Farel, 13 de fevereiro de 1546, em João Calvino, Letters of John Calvin(Edinburgo: The Banner of Truth Trust, 1980), p. 82.
[49] Bainton, Hunted Heretic, p. 157; Schaff, History, vol. 8, pp. 758-759; Wallace, p. 76; Walker, pp. 331-332.
[50] Schaff, History, vol. 8, p. 760.
[51] Bainton, Hunted Heretic, p. 157.
[52] Beza, p. 70.
[53] Carta de Calvino a Farel, 20 de agosto de 1553, em Calvino, Letters, p. 158.
[54] Calvino, citado em Schaff, History, vol. 8, p. 765.
[55] McGrath, Calvin, p. 116.
[56] Wendel, p. 95.
[57] Walker, p. 333.
[58] Schaff, History, vol. 8, p. 769.
[59] Carta de Calvino a Farel, 20 de agosto de 1553, em Calvino, Letters, p. 159.
[60] McGrath, Calvin, p. 116.
[61] Ibid.
[62] Wallace, p. 77.
[63] Boettner, Predestination, p. 418.
[64] Calvino, citado em Potter e Greengrass, p. 108.
[65] Michael Servetus, citado em Bainton, Hunted Heretic, p. 200.
[66] Calvino, citado em Schaff, History, vol. 8, p. 791.
[67] Schaff, History, vol. 8, p. 792.
[68] Calvino, citado em Potter e Greengrass, p. 109.
[69] Carta de Calvino ao marquês de Poet, citado em Voltaire, The Works of Voltaire (Nova York: E. R. DuMont, 1901), vol. 4, p. 89. Robert Robinson faz referência a isto, Ecclesiastical Researches (Gallatin: Church History Research & Archives, 1984), p. 348, e Benedict, History, vol. 1, p. 186.
[70] Calvino, citado em Schaff, History, vol. 8, pp. 690-691.
[71] Hughes, p. 19; de Greef, p. 176; Wallace, pp. 73, 77; Cunningham, Reformers, p. 320; Parker, p. 145; George, p. 249; McNeil, p. 228; Otto Scott, p. 71.
[72] Gordon H. Clark, Thales to Dewey, 2a ed. (Jefferson: The Trinity Foundation, 1989), p. 111.
[73] Carta de Calvino a Farel, 20 de agosto de 1553, em Calvino, Letters, p. 159.
[74] Calvino, citado em Schaff, History, vol. 8, p. 783.
[75] Hughes, p. 18.
[76] Verduin, Reformers, p. 52.
[77] Leonard Verduin, The Anatomy of a Hybrid (Sarasota: The Christian Hymnary Publishers, 1976), p. 207.
[78] Cunningham, Reformers, p. 316.
[79] McGrath, Calvin, p. 116.
[80] McNeil, p. 228.
[81] Crampton, Calvin, p. 10.
[82] Otto Scott, p. 72.
[83] McGrath, Calvin, p. 116.
[84] Bratt, Teachings of Calvin, p. 41.
[85] McGrath, Calvin, p. 117.
[86] Wendel, p. 97.
[87] McNeil, p. 228.
[88] Hughes, p. 17.
[89] Ibid., p. 18.
[90] Boettner, Predestination, p. 414.
[91] Schaff, History, vol. 8, p. 709.
[92] Register of Geneva, p. 290.
[93] Heinrich Bullinger, citado em Schaff, History, vol. 8, p. 709.
[94] Philip Melanchthon, citado em Schaff, History, vol. 8, p. 707.
[95] Ibid., p. 707.
[96] Martin Bucer, citado em Schaff, History, vol. 8, p. 708.
[97] Beza, p. 73.
[98] Simon Kistemaker, Calvinism: Its History, Principles and Perspectives (Grand Rapids: Baker Book House, 1966), p. 23; Hughes, pp. 18, 20; Parker, pp. 144-145; McGrath, Calvin, p. 118.
[99] Schaff, History, vol. 8, p. 691.
[100] Wallace, pp. 81-82.
[101] Hughes, p. 19.
[102] Otto Scott, p. 71.
[103] Bainton, Hunted Heretic, p. 210.
[104] “The Life of John Calvin,” em Calvino, Letters of John Calvin, p. 27.
[105] Verduin, Reformers, p. 51.
[106] Schaff, History, vol. 8, p. 684.
[107] Gibbon, vol. 3, p. 314.
[108] Jones, vol. 2, pp. 238, 239.
[109] McNeil, p. 347.
[110] Bratt, Teachings of Calvin, p. 41.
[111] Cunningham, Reformers, pp. 316-317.
[112] Citado em Augustus H. Strong, Systematic Theology (Valley Forge Judson Press, 1907), p. 778.
[113] Singer, p. 7.
autor
Flávyo Henrique
Pastor, evangelista, formado em Gestão Pública, estudante de pós-graduação na área de Administração Púb
lica, Chefe de Cartório Eleitoral.
https://books.google.com/books?id=Of0gcQH6dJIC&lpg=PP1&num=100&hl=pt-BR&pg=PP1#v=onepage&q&f=false
a infelicidade é, antes de tudo, um estilo de vida, uma forma de olhar o mundo pelo lado contrário. Em vez de você tirar proveito do momento atual, lamenta-se do que poderia ter acontecido.
SANTO AGOSTINHO
O LIVRE ARBÍTRIO
2ª edição PAULUS
Santo Agostinho na verdade, constitui-se o defensor de nossa liberdade e da graça divina, ao mesmo tempo.
9. A vontade, a liberdade e a graça
Etienne Gilson resumiu de modo muito eficaz o pensamento agostiniano sobre as relações entre a liberdade, a vontade e a graça, da seguinte forma: “Duas condições são exigidas para fazer o bem: um dom de Deus que é a graça e o livre-arbítrio. Sem o livre-arbítrio não haveria problemas; sem a graça, o livre-arbítrio (após o pecado original) não quereria o bem ou, se o quisesse, não conseguiria realizá-lo. A graça, portanto, não tem o efeito de suprimir a vontade, mas sim de torná-la boa, pois ela se transformara em má. Esse poder de usar bem o livre-arbítrio é precisamente a liberdade. A possibilidade de fazer o mal é inseparável do livre-arbítrio, mas o poder de não fazê-lo é a marca da liberdade. E o fato de alguém se encontrar confirmado na graça, a ponto de não poder mais fazer o mal, é o grau supremo da liberdade. Assim, o homem que estiver mais completamente dominado pela graça de Cristo será também o mais livre: ‘libertas vera (p.18) est Christo servire’” (cf. Gilson, “Introduction à l’étude de Saint Augustin”, pp. 202ss).
O PROBLEMA DO MAL
Capítulo I
É Deus o autor do mal?
1. Evódio Peço-te que me digas, será Deus o autor do mal?¹
Agostinho Dir-ti-ei, se antes me explicares a que mal te referes. Pois, habitualmente, tomamos o termo “mal” em dois sentidos: um, ao dizer que alguém praticou o mal; outro, ao dizer que sofreu algum mal.
Ev. Quero saber a respeito de um e de outro.
Ag.Pois bem, se sabes ou acreditas que Deus é bom – e não nos é permitido pensar de outro modo -, Deus não pode praticar o mal. Por outro lado, se proclamamos ser ele justo – e negá-lo seria blasfêmia -, Deus deve distribuir recompensas aos bons, assim como castigos aos maus. E por certo, tais castigos parecem males àqueles que os padecem. É porque, visto ninguém ser punido injustamente – como devemos acreditar, já que, de acordo com a nossa fé, é a divina Providência que dirige o universo -, Deus de modo algum será o autor daquele primeiro gênero de males a que nos referimos, só do segundo.
Ev. Haverá então algum outro autor do primeiro gênero de mal, uma vez estar claro não ser Deus?
Ag. Certamente, pois o mal não poderia ser cometido sem ter algum autor. Mas caso me perguntes quem seja (p.25) o autor, não o poderia dizer. Com efeito, não existe um só e único autor. Pois cada pessoa ao cometê-lo é o autor de sua má ação. Se duvidas, reflete no que já dissemos acima: as más ações são punidas pela justiça, se não tivessem sido praticadas de modo voluntário.²
O mal vem por ter sido ensinado?
2. Ev.Ignoro se existe alguém que chegue a pecar, sem antes o ter aprendido. Mas caso isso seja verdade, pergunto: De quem aprendemos a pecar?
Ag. Julgas a instrução (disciplinam) ser algo de bom?
Ev. Quem se atreveria a dizer que a instrução é um mal?
Ag. E caso não for nem um bem nem um mal?
Ev. A mim, parece-me que é um bem.
Ag. Por certo! Com efeito, a instrução comunica-nos ou desperta em nós a ciência, e ninguém aprende algo se não for por meio da instrução. Acaso tens outra opção?
Ev. Penso que por meio da instrução não se pode aprender a não ser coisas boas.
Ag. Vês, então, que as coisas más não se aprendem, posto que o termo “instrução” deriva precisamente do fato de alguém se instruir.
Ev. De onde hão de vir, então, as más ações praticadas pelos homens, se elas não são aprendidas?
Ag. Talvez, porque as pessoas se desinteressam e se afastam do verdadeiro ensino, isto é, dos meios de instrução. Mas isso vem a ser outra questão. O que, porém, mostra-se evidente é que a instrução sempre é um bem, visto que tal termo deriva do verbo “instruir”. Assim, será impossível o mal ser objeto de instrução. Caso fosse ensinado, estaria contido no ensino e, desse modo, a instrução não seria um bem. Ora, a instrução é um bem, (p.26) como tu mesmo já o reconheceste. Logo, o mal não se aprende. É em vão que procuras quem nos teria ensinado a praticá-lo. Logo, se a instrução falar sobre o mal, será para nos ensinar a evitá-lo e não para nos levar a cometê-lo. De onde se segue que, fazer o mal, não seria outra coisa do que renunciar à instrução. (pois a verdadeira instrução só pode ser para o bem).
3. Ev. Não obstante, julgo que há duas espécies de instrução: uma que nos ensina a praticar o bem, e outra a praticar o mal. Mas ao me perguntares se a instrução era um bem, o amor mesmo do bem absorveu-me a atenção de tal modo a me fazer considerar, unicamente, o ensino relativo às boas ações, motivo pelo qual respondi que ele era sempre um bem. Mas dou-me conta, agora, que existe um outro ensino, que reconheço seguramente ser mau, e de cujo autor indago.
Ag. Vejamos. Admites pelo menos o seguinte: será a inteligência integralmente um bem?
Ev. A ela, com efeito, considero de tal modo ser um bem, que nada vejo poder existir de melhor no homem. De maneira alguma posso considerar a inteligência como um mal.
Ag. Mas quando alguém for ensinado e não se servir da inteligência para entender, poderá ser ele considerado como alguém que fica instruído? O que te parece?
Ev. Parece-me que ele não o pode de modo algum.
Ag.Logo, se toda a inteligência é boa, e quem não usa da inteligência não aprende, segue-se que todo aquele que aprende procede bem. Com efeito, todo aquele que aprende usa da inteligência e todo aquele que usa da inteligência procede bem. Assim, procurar o autor de nossa instrução, sem dúvida, é procurar o autor de nossas boas ações. Deixa, pois, de pretender descobrir (p.27) não sei que mau ensinante. Pois e, na verdade, for mau, ele não será mestre. E caso seja mestre, não poderá ser mau. ³
Capítulo 2
Por qual motivo agimos mal?
4. Ev. Seja como dizes, já que tão fortemente me obrigas a reconhecer que não aprendemos a fazer o mal. Dize-me, entretanto, qual a causa de praticarmos o mal?
Ag. Ah! Suscitas precisamente uma questão que me atormentou por demais, desde quando era ainda muito jovem. Após ter-me cansado inutilmente de resolvê-la, levou a precipitar-me na heresia (dos maniqueus), com tal violência que fiquei prostrado. Tão ferido, sob o peso de tamanhas e tão inconsistentes fábulas, que se não fosse meu ardente desejo de encontrar a verdade, e se não tivesse conseguido o auxílio divino, não teria podido emergir de lá nem aspirar à primeira das liberdades – a de poder buscar a verdade. 4 Visto que a ordem seguida, então, atuou em mim com tanta eficácia para resolver satisfatoriamente essa questão, seguirei igualmente contigo aquela mesma ordem pela qual fui libertado. Seja-nos, pois, Deus propício e faça-nos chegar a entender aquilo em que acreditamos. Estamos, assim, bem certos de estar seguindo o caminho traçado pelo profeta que diz: “Se não acreditardes não entendereis”. 5 Ora, nós cremos em um só Deus, de quem procede tudo aquilo que existe. Não obstante, Deus não é o autor do pecado. Todavia, perturba-nos o espírito uma consideração: se o pecado procede dos seres criados por Deus, como não atribuir a Deus os pecados, sendo tão imediata a relação entre ambos? (p.28).
Pontos fundamentais da fé
5. Ev. Acabas de formular, com toda clareza e precisão, a dúvida que cruelmente me atormentou o pensamento, e que justamente me levou a me empenhar nesta reflexão contigo.
Ag. Tem coragem e conserva a fé naquilo que crês. Nada é mais recomendável do que crer, até no caso de estar oculta a razão de por que isso ser assim e não de outro modo. Com efeito, conceber de Deus a opinião mais excelente possível é o começo mais autêntico da piedade. 6 E ninguém terá de Deus um alto conceito, se não crer que ele é todo-poderoso e que não possui parte alguma de sua natureza submissa a qualquer mudança. Crer ainda que ele é o Criador de todos os bens, aos quais é infinitamente superior; assim como ser ele aquele que governa com perfeita justiça tudo quanto criou, sem sentir necessidade de criar qualquer ser que seja, como se não fosse auto-suficiente. Isso porque tirou tudo do nada.
Entretanto, ele gerou, não criou, de sua própria essência, aquele que lhe é igual, o qual é como professamos, o Filho único de Deus. É aquele a quem nós denominamos, procurando as expressões mais acessíveis: “Força de Deus e Sabedoria de Deus” (1 Cor 1,24). Por meio dele, Deus fez tudo o que tirou do nada.
Tudo isso tendo sido estabelecido, contando com a ajuda de Deus, procuremos agora, com empenho, compreender a questão por ti proposta, seguindo a ordem que se segue. (p.29).